Um ano diferente

Num ano atípico, Rafael Ribeiro conta sobre as ondas surfadas em 2020


2020 começou de maneira espetacular. Um rápido swell encostou no litoral da Bahia no dia 31 de dezembro. Surfei em Scar Reef e peguei bons tubos. Tubos no réveillon na Bahia? Fato esse bem incomum confere? Pois bem, já na primeira semana do ano, retorno para São Paulo. Moro lá há 6 anos. Estou frequentemente pegando os swells em ondas como Paúba e Santiago. Dois beach breaks espetaculares, com ondas fortes, tubulares e bem rasas.

Em meados de janeiro, mais precisamente no dia 18, entrou um dos maiores swells do ano no Brasil e eu estava lá, mas com viagem marcada para vir a Salvador ficar com meus familiares, nesse mesmo dia 18. Como o swell confirmou a previsão um dia antes, comprei uma outra passagem para três dias depois e desci para Maresias. Chegando lá, Maresias estava com séries de 10 pés e somente o pessoal do tow in na água. Fui direto pra Paúba e quando cheguei lá, meu Deus, estava animal. Ondas de 6 a 8 pés sólidas e pouco crowd. Fiz 3 sessões no sábado, mais 3 no domingo, que ainda tinha quase as mesmas condições e uma ainda na segunda antes de voltar para São Paulo. Peguei o voo para Salvador na segunda à tarde.

Na quarta dia 22, esse swell que estava em São Paulo veio para Bahia, pois era uma ondulação de sul. Mais 4 dias de altas ondas aqui. Após essa semana pensei, esse ano vai ser irado. Em pleno janeiro peguei altos tubos! Vem o mês de fevereiro e embarco a procura dos tubos da cidade de Iquique no Chile. Foram 3 semanas de altas ondas e várias vezes surfando sozinho. Num espaço de 2 quilômetros, tem pelo menos uns 8 a 10 slabs. Tubos de todas as maneiras e ondas bem pesadas. Inclusive tive o pior acidente em 28 anos que prático o surf. Fiquei muito deep no tubo e fui arremessado na lage. Três dias sem andar, alguns bons remédios e vamos pra água novamente. Lá tem uma onda chamada Intendência, que entrou para as minhas favoritas no mundo. Parece Teahupoo.

Voltei para São Paulo no início de março. Assim como em todos os meses, passava uma semana por mês sempre em Salvador com minha família. Dia 12 de março, vim então para passar a semana e fiquei direto. A notícia da explosão do covid me fez tomar essa decisão. Em seguida pensei, abril começa a temporada de ondas, então vamos mudar para Itacimirim. Pensei em ser lá, pois nesse local tem ondas de beach break, point break, e está bem no meio entre Praia do Forte e Scar Reef. Duas das minhas ondas favoritas.

Após um mês de março com bastante vento, em abril ligaram a máquina. Até o início do mês de julho, todas as semanas rolaram pelo menos um swell clássico. Dias de crowd, dias de muito crowd, dias de crowd num nível insuportável, e também aqueles dias abençoados com somente eu no pico. Foi impressionante a quantidade de onda. A essa altura, nem estava triste por a trip que faço todo ano para Indonésia ter sido cancelada. A Bahia tem muita coisa parecida com a Indo quando as condições se encaixam. Porém, essas condições se encaixaram sucessivamente nesse período. Perdi a conta de quantas sessões com mais de 5 horas direto na água fiz. Entrava 5:30 (outono/inverno na Bahia, essa é a hora do primeiro raio de luz) e saía 11:30/12:00 ! Feliz da vida.

Chegando o mês de julho e veio também uma temporada de ventos fortes e maral, mas com ondulações consistentes. Usei o beach break na frente de casa para me manter ativo, pois sabia que em meados de agosto, nosso vento sopraria a favor novamente. Detalhe é que com essas condições, existem alguns lugares na Bahia que quebram clássicos, mas isso aí é outra história. E a minha ideia se concretizou. Chega agosto e o vento, ainda instável, proporciona excelentes sessões de tubos.

Essas condições permaneceram em setembro, e então fiz uma viagem rápida para conhecer outras ondas do nosso litoral. O resultado foi uma semana espetacular de altos tubos e mais uma vez sozinho na água. Em outubro a situação continua bem parecida com agosto e setembro e então mais uma viagem para explorar outras ondas. Dias sensacionais. No final do mês, foi quando embarquei para Mentawai de última hora e que contei aqui na matéria anterior.

Na parte 3, vou falar do final de ano e da perspectiva para 2021 com um fenômeno natural importante para quem pega onda. E em relação a sua opinião sobre o ano, segura ai mais um pouco que falta só mais uma parte do texto.

Oss!

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