Evolução no surfe
Baiano Janary Lacerda mostra sua evolução na modalidade do tow in nas lajes cariocas
O baiano Janary Lacerda mora no Rio de Janeiro há sete anos, onde é bombeiro militar e guarda vidas. E foi nas ondas cariocas que o baiano deu seus primeiros passos na modalidade do tow in.
"Sou soteropolitano, nascido e criado no Porto da Barra, onde minha mãe ainda reside. Passei a adolescência na Pituba, época em que surfava os picos daquela região, como Canudos, Baía, Hawaii 1 e 2, além de ter frequentado muito o Jardim de Alah. Trabalho como Bombeiro Militar Guarda-vidas no quartel de Copacabana e presto serviço no posto 7, no Arpoador", conta.
Entre suas aventuras na modalidade, destaque para duas sessões, uma na laje de Ilha Mãe, em Itacoatiara e a outra na laje de Manitiba, em Saquarema.
Confira abaixo o relato:
Em meio a pandemia e tantos outros acontecimentos em 2020, o ano foi de fartura no que diz respeito à entrada de ondulações aqui no Rio de Janeiro e em todo litoral brasileiro.
O surf sempre foi a influência maior das minhas escolhas ao longo da vida, inclusive, trabalho como Guarda-vidas do Estado do RJ devido ao surf, que me trouxe até aqui e ao saber da abertura do concurso público, ví a oportunidade de manter conectado ao mar, fazendo algo com amor e me mantendo bem fisicamente para realizar meu trabalho e me manter surfando o máximo possível ao longo da vida. Após todos esses anos observando e aprendendo muito com as grandes ondulações que costumam atingir a costa do RJ, aos poucos fui investindo em material e seguindo focado na preparação, me capacitando com pessoas experientes, alguns cursos de apnéia, tow in e Big surf com nomes como Christian Dequeker, Alemão de Maresias e Danilo Couto. Decidi me aventurar no tow in com meus amigos e companheiros de farda, Guido Serafini e Péricles, ambos locais de Itacoatiara. com experiência em tow in, resgate e segurança aquática.
Na Ilha Mãe, em Niterói, fui sem grandes expectativas, pois sabia que estava em um pico para os mais experientes, inclusive ao chegar, estavam por lá o Alemão de Maresias, Lucas Chumbo, o skimboarder Lucas Fink e a galera casca-grossa de Itacoatiara. O lugar intimida, surfei em picos de pedra a vida toda em Salvador, isso foi de fundamental importância, mas os slabs nas lajes do Rio são dignas de respeito máximo, por bem ou por mal, elas impõem respeito.
Surfei algumas na remada e com pequenas doses de confiança, decidi me posicionar mais pra dentro e mais pra baixo do pico, foi aí que tomei duas da série, e a mãe, a ilha, me mostrou como se educa um filho (risos). Tendo passado o perrengue, fiz disso uma motivação a mais para me jogar quando chegasse a minha vez. Na primeira onda que fui puxado, fiquei um pouco acima da linha do tubo, pra mim que sou goofy, a leitura foi mais difícil ainda e ao entrar de borda, fui arremessado, tentei vacar o mais pra frente possível para sair de cima da laje e estar mais próximo da parte que ganha profundidade. Saí ileso e a galera no canal disse que por muito pouco eu não rodei junto com o lip e escapei de ter sido esmagado.
Após desperdiçar algumas ondas e por sorte ter sido compreendido e até ter sido auxiliado com algumas dicas do Chumbo, eu sempre preferia passar a vez e respeitar os mais experientes que estavam ali por diversão, mas também a trabalho.
O pico é um só, forma uma fila das duplas e o respeito e a ajuda mútua que fazem as coisas fluírem em tais condições. Fui pra casa feliz e cada vez mais consciente de que é preciso paciência e persistência para seguir evoluindo e aprendendo com a vivência prática.
A experiêcia na laje de Manitiba, sem dúvida foi a mais produtiva, com apenas duas máquinas na água e a quantidade de ondas surfadas foi muito maior. Meu amigo e fotógrafo Pedro Rodrigues (@mrsportfilms), também em sua primeira vez na laje, encarou as “guilhotinas” do inside, água gelada e colheu os frutos com algumas imagens, eternizando assim aquele dia memorável e épico, na laje.
Uma onda de difícil leitura e exigência de habilidades técnicas. Algumas vacas dentro do tubo, algumas boas não registradas devido à dificuldade de decidir o melhor posicionamento do fotógrafo no pico e algumas imagens alucinantes, que sem dúvida recompensaram todo o esforço do nosso mago das lentes.
A temporada por aqui já passou, mas seguirei treinando e me aprimorando para seguir superando meus limites e encarando novos desafios nas próximas.
Gratidão a todos que fizeram parte desses meus primeiros passos, em especial aos irmãos Guido, Péricles, Marcelinho, Yuri, Marcelo e meu shaper Murilo Meira (@mmsurfboard), que além de me dar um suporte com as pranchas, também compartilha conhecimento técnico e local dos picos do Estado.