Graças à sardinha
Com tímpano perfurado de forma inusitada, free surfer Miguel Sehbe registra amigos em swell clássico no litoral baiano
Lua cheia, 20 maio de 2019, outono na Bahia. São 3:30 da manhã, toca o primeiro despertador, venta sudeste na biruta do aeroporto; Salvador com um grande nuvem de chuva, mas uma parte do nosso litoral às vezes amanhece com um tal de microclima, sopra sudoeste, terral instalado, café pronto, hora de partir, Neil Young na cabeça, "Rockin’ in the Free World". Dessa vez sem prancha, levo guarda-sol, capa de chuva, tripé e a câmera: graças à sardinha…
No dia 8 de maio, perfurei o tímpano. Estava surfando, e da forma mais inusitada que poderia acontecer, saindo do mar depois de um dia de altas, um cardume gigante de sardinha batia na flor da água, muito provavelmente por conta de um peixe maior. Nesse “rebuliço”, peixes pulando, se batendo, eis que sou atingido por um projétil de alta velocidade, certeiro, dentro do ouvido.
Tímpano perfurado, 30 dias afastado da água, mas a gente sempre ganha algo, e dessa vez veio a perspectiva de quem está em terra.
Do outro lado da lente, além de registrar, pude vivenciar e fazer um surf mental proporcionado por um grupo de surfistas com muite dendê no sangue e que prova isso sempre que tem onda n’água.
Fez sol, fez chuva, ficou nublado, vários contrastes, muitas cores, algumas imagens. Confira, observe a perfeição e força do que pode ter sido um dos melhores dias dos últimos anos: Lapo Coutinho, Bino Lopes, Gabriel Imbassahy, Maurício Fadul e outros guerreiros que representaram e puderam estar em sincronia com esse swell.
Divulgar o surf e o que temos de melhor nessa terra são uma ferramenta para desenvolver esse segmento no aspecto esportivo, cultural e econômico. O surf é um esporte de contato com a natureza e de encontro consigo mesmo. Que a gente continue a inspirar toda uma sociedade com nossos valores.
Êahhhh AweAwara e salve a sardinha!!!