Olé na crise

Rodrigo Silva, proprietário da loja Surfwise, dribla dificuldades no mercado de surfwear


Por todos os cantos, a palavra "crise" tem feito parte de nosso recente cotidiano.

Num efeito dominó, que já vem se alastrando por alguns anos, a quebradeira na Europa tem afetado as economias de todas as nações do globo.

Isso está sendo diretamente refletido no surf. Etapas do WT canceladas, outras rebaixadas, perdas de patrocínios por atletas de ponta, falência de algumas marcas e muito mais.

Só que, via de regra, o surf nunca foi um negócio considerado ruim, pois está diretamente ligado ao comportamento jovem e o vestuário é um item de primeira necessidade. Ou seja, não podemos rotular que uma empresa ligada ao surf está condenada ao fracasso.

Na atual realidade mundial, podemos dizer que todas as empresas estão precisando se adequar a uma nova fase, enxugar os orçamentos e otimizar com muita inteligência tudo o que for possível.

Em meio a toda essa maré de adversidade, um empresário de Salvador, tem chamado a atenção por sua criatividade e ousadia em apoiar o surf, onde na mesma pessoa encontramos um atleta competitivo, um designer criativo e um empresário otimista.

Sempre com os pés no chão, Rodrigo Silva, proprietário da loja Surfwise, vem mostrando como é possível crescer e sobreviver sem grandes mágicas, e é isso que tentaremos mostrar nessa entrevista:

SurfBahia: Rodrigo, em primeiro lugar, como você se auto avalia em meio a tudo isso? Explico melhor: aparentemente você abraçou muitas responsabilidades e investiu uma grana razoável num momento complicado. Como está a "pessoa" Rodrigo?

Rodrigo Silva: Eu me auto avalio como uma pessoa determinada, que corre atrás de seus objetivos. Estou bem, contente com o que faço e pretendo fazer, e me sinto melhor ainda a cada elogio que escuto é gratificante! Dá mais vontade de investir no surf.

SB: O Circuito Ombak de Surf, uma de suas maiores e mais comentadas iniciativas, teve bastante sucesso em 2011. Mesmo com o apoio de outras marcas, fazer campeonato é algo lucrativo ou simplesmente uma estratégia de marketing?

RS: Defino não só como uma estratégia de marketing, mas também como uma forma de fortalecer mais o esporte no Estado da Bahia, treinar os atletas para os eventos principais no País e também revelar novos talentos. Acaba englobando tudo. E que venha com mais sucesso ainda este ano.

SB: Sabemos que em algumas etapas você teve alguns problemas entre atletas e juízes. O que você planeja para que no circuito de 2012 essas coisas não aconteçam?

RS: Problemas sempre existiram, e para este ano planejo ter uma comissão técnica melhor com juízes que já trabalharam no evento, então selecionarei os melhores para este ano.

SB: Tirando essa parte da organização em si, o que o circuito de 2012 nos reserva? Quantas etapas serão? A premiação vai melhorar?

RS: Pretendo fazer três etapas como no anterior. Quero melhorar a premiação na categoria Open. Em vez de o primeiro ganhar uma prancha, estou querendo mudar para uma premiação em dinheiro, mas é algo muito difícil premiar em dinheiro, pois muitas marcas que nos apoiam ficam receosos em liberar dinheiro. É um trabalho em fase de conclusão que estou correndo para mudar. Como também reverto todo o dinheiro nos custos que tenho no evento, fica meio complicado estipular o valor para a premiação, mas creio que se a galera da Open se inscrever durante a semana, conseguiria até reverter as inscrições da categoria na premiação.

SB: E as categorias Master, Feminino, Long Board e Bodyboard, estão previstas para fazerem parte?

RS: Na segunda etapa tive uma experiência em ter a categoria Master. Recebi pedidos para incluir no circuito, mas o esperado não aconteceu e na etapa só tivemos quatro atletas. Recebi também pedidos na última etapa para incluir o Longboard este ano. Já a categoria Feminino será encaixada no circuito (vamos ver se as meninas aparecem). O bodyboard já exige uma outra comissão técnica, o que geraria também mais verba para custear o campeonato, mas estou tentando melhorar a cada ano que passa.

SB: Como está sendo administrar a marca, tocar a loja e organizar os campeonatos? Quem te ajuda em tudo isso?

RS: É uma tarefa bastante corrida na qual divido no meu dia–a–dia minhas obrigações com a marca, loja, campeonato e minha faculdade. Mas tudo tem um merecimento no futuro, vale a pena o sacrifício. Meus pais me incentivam e ajudam bastante, e minha namorada, que me ajuda tanto na loja como nos eventos.

SB: Um lance que nos chama muito a atenção, é que você mesmo desenvolve os cortes das peças de roupas e você mesmo desenha as estampas e logotipos de suas marcas. Você estudou para isso? Conte-nos um pouco mais desse seu lado artista...

RS: Sempre gostei de desenhar, nunca estudei moda e desenho. Sou bastante curioso, fuço os programas e sempre vou buscando melhorar meus conhecimentos. Em minhas estampas sempre busco desenhos voltado ao surf e à natureza. Estou sempre procurando evoluir e a cada dia que passa vou me aperfeiçoando mais.

SB: Por viver sempre junto aos atletas da Bahia, principalmente os da nova geração, em sua opinião, quem dessa nova molecada tem chance de se destacar no cenário nacional e mundial?

RS: Surfo bastante com o Erick (Moraes) e o Ian (Costa). São dois atletas que estão sempre evoluindo bastante, procurando as manobras inovadoras. Aposto bastante neles.

SB: Por que você acha que essa nova geração ainda não emplacou mais forte nos brasileiros amadores e nos campeonatos das categorias de base que rolam pelo Brasil?

RS: Temos bons atletas no estado e creio que falta um pouco mais de determinação, concentração e foco, que com certeza os resultados iram aparecer com mais frequência. E também as marcas, que querem se inserir no mundo surf, investir um pouco mais na molecada.

SB: Está em seus planos patrocinar atletas? Como você avalia o retorno X investimento de investir em um atleta?

RS: Já apoiei alguns atletas como Dautinho Costa, Vinicius Silva e Luan Lisboa. É um investimento que traz um retorno bom, tenho em mente agora em fechar com um atleta ate o final do mês, mais estou analisando os atletas. Retorno X Investimento tem que ser bom para os dois lados, é o que sempre busco.

SB: Um assunto que tem tido destaque nas redes sociais, é o aumento do crowd nas praias de Salvador e região. Você, como local do Padang, Stella, avalia esse momento tenso dos line ups?

RS: Acho que se esse aumento que tem no crowd, fosse de pessoas com educação, seria muito bom. Direto vejo bate-boca na água, um xingando o outro, principalmente aqui em Stella, na época do verão, é bastante tenso, quando chega o inverno fica bem mais tranquilo. Então, as palavras certas que julgo para o crowd é a educação e o respeito pela galera não só local como qualquer outra pessoa. Creio que não seja só em Stella, outras praias também devem acontecer a mesma coisa. Tem que saber chegar respeitar todos, ninguém é melhor que ninguém e esse contato com natureza e surf são momentos de você estar em sintonia e tranquilo, é um momento de relaxar.

SB: Qual conselho você daria para novos empresários interessados em investir no surf? Qual o principal conceito que eles devem ter em mente?

RS: Se queres investir no surf, vá em frente sem medo de errar, pois na minha opinião é o esporte que cada vez mais está ganhando espaço no mercado mundial. Busque atletas e eventos que vão te dar um retorno gratificante, que tenham organização, comprometimento com o esporte e valorizem seu produto e marca.

Não há nada que um bom dia de surf não cure!

É isso aí, Rodrigo, obrigado e sucesso!

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