Dose dupla
Campeão baiano de surf universitário Júnior Camarão é fera também no bodyboarding
Aos 24 anos, Júnior Camarão conquistou seu primeiro título como surfista. No último domingo, ele superou seus adversários no Radical Wave FTC Contest para erguer a taça de campeão baiano universitário.
Clique aqui para ver as fotos
Criado no Nordeste de Amaralina e local da praia do Quebra Coco, Camarão tem duplo talento. Além de mandar bem no surf, ele é considerado um dos melhores bodyboarders da Bahia.
O título no último domingo causou grande impacto em Stella Maris.
Na final, ele derrotou um dos melhores surfistas da Bahia, Heloy Júnior, campeão baiano profissional em 2006.
Também foram superados por Camarão na decisão os atletas Gabriel Melo (3o) e Leandro Mendes, quarto colocado. No caminho à final, ele bateu dois atletas que já foram campeão estaduais universitários - Lalo Giudice e Bruno Matheus.
O atleta de Amaralina ganhou uma bolsa de estudos na Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), mas já cursa Educação Física na Faculdade do Instituto Social da Bahia (FISBA), onde foi premiado com uma bolsa por ter passado em primeiro lugar no vestibular em 2010.
Ele começou a surfar aos 11 anos. A apelido veio de um vizinho. "Certo dia, estava chegando da praia com meu amigo Hugo Moreno, quando um vizinho falou que eu estava muito vermelho, parecendo um camarão. Huguinho escutou e, no dia seguinte, saiu espalhando para a galera", revela Camarão.
A evolução como surfista e bodyboarder foi fruto da falta de opção. Sem condições financeiras de adquirir um equipamento, ele passava o dia na praia olhando a galera em ação. Esperava algum conhecido sair do mar para pedir a prancha emprestada, seja de surf ou bodyboard.
A preferência de Camarão fica de acordo com as condições do mar. "Quando entra um swell com ondas bem cavadas e rápidas, ou antes de alguma competição, surfo de bodyboard. Porém, na maioria das vezes o mar está com meio metro e abrindo, bem propício ao surf de prancha. Por isso, durante o ano acabo surfando mais de prancha", comenta.
Camarão sempre quis fazer sucesso como surfista, mas foi como bodyboader que ele começou a brilhar no cenário estadual. "Não é a mesma coisa, pois infelizmente o bodyboarding não é tão valorizado quanto o surf em termos de patrocínio, mídia e premiação. Outro fator é a forma como você é tratado pela comunidade do surf. Sou mais respeitado quando estou de pranchinha do que de bodyboard. Por que isso?", questiona o atleta.
O talento de Camarão como bodyboarder é reconhecido por nomes como Uri Valadão, campeão mundial em 2009. "Se ele tivesse um bom patrocínio, poderia ir longe no bodyboarding. Ele tem um talento enorme, figura entre os melhores da Bahia no momento e, se tivesse condições, poderia facilmente estar entre os melhores do Brasil. Além do talento, é uma ótima pessoa, muito astral e se dá bem com todo mundo", elogia Valadão.