De olho no sino

Nosso colunista analisa os atletas brasileiros para a próxima parada do Tour em Bells Beach


As direitas geladas de Bells Beach recebe a segunda etapa do Circuito Mundial. Foto: WSL


A expectativa é grande para a segunda etapa do Circuito Mundial de Surf, que acontece nas geladas e alinhadas direitas de Bells Beach, Victoria. Tudo pronto para que entre os dias 17 a 27 deste mês, no horário australiano, os melhores surfistas do mundo possam se digladiar na mais tradicional etapa do Circuito Mundial, que acontece desde 1962.

Desde então, o Brasil levantou o troféu de campeão em três ocasiões. Silvana Lima venceu em 2009, Adriano de Souza levou a melhor em 2013 e, no ano passado, Italo Ferreira derrotou o maior ídolo australiano de todos os tempos, Mick Fanning, que, por sinal, é um dos maiores vencedores do sino de Bells - ele e o ícone americano Kelly Slater ganharam quatro vezes por lá.

Nossa seleção já está escalada, com o único desfalque sendo o nosso capitão Adriano de Souza, que continua se recuperando da lesão sofrida ano passado. Caio Ibelli novamente entra em seu lugar. Sendo assim, vamos analisar, com uma pitadinha de parcialidade, é claro, as performances do esquadrão brazuca no evento mais emblemático do Circuito Mundial.

Líder do ranking, defensor da etapa de Bells e da próxima, em Keramas, nosso frenético potiguar Italo Ferreira vem para mostrar que sua vitória ano passado não foi pura sorte. Digo isso porque, como relatado acima, apenas três brasileiros venceram por lá desde 1962, além do fato de apenas três goofys footers terem vencido em Bells: Occy, Wilko e o próprio Italo.

O fato é que Italo está surfando demais, confiante, mais maduro e muito power. Vem para mais uma etapa surfando de costas para onda, o que é seu forte. Surfando de frente para onda, Ferreira ainda não tem a mesma abordagem, quicando muito a sua prancha, além de alguns links sem muita harmonia. Sorte nossa que teremos ainda mais duas etapas pela frente na sequência, vendo o mais elétrico surfista do Tour surfando o seu melhor de backside.

O bicampeão do mundo, o cara a ser batido esse ano, Gabriel Medina, vem para a onda que para mim é a que menos se encaixa em seu surf. Mesmo ficando em terceiro ano passado, sendo barrado pelo próprio Italo nas semis, Medina vai para o maior desafio do ano, que é surfar ondas cheias, lentas e de costas para a onda. Margaret também é uma onda em que o próprio brasileiro já falou que não gosta, mas vejo Bells como um grande desafio para o mesmo. Em grande fase, o brasileiro apareceu entre os oito melhores do evento, ou seja, nas quartas de finais, desde a etapa de Uluwatu. São nove eventos desde o ano passado, contando com o QS de Noronha, que o fenômeno de Maresias não perde antes das quartas. Como conhecemos seu segundo turno sensacional, Bells para mim é uma grande chance de não sair das cabeças do ranking. Se conseguir, dá um grande passo para o tão sonhado tri.

Nosso prodígio Filipe Toledo não começou o ano tão bem como de costume. Na verdade, já são quatro eventos seguidos, desde o ano passado, que o ubatubense não ultrapassa as oitavas de finais. Nada como um grande resultado para melhorar seu psicológico e confiança. Eu acredito.

Mais um backside que vem tentar se encaixar no Bowl de Bells é Yago Dora. O desafio de tentar acertar rabetadas e batidas verticais nas transições cheias do pico é imenso. Talvez a mudança para o pico alternativo de Winkipop, onde as ondas têm mais parte crítica, beneficie um dos maiores aerialistas do mundo.

Outros dois brazucas que merecem uma menção especial são Willian Cardoso e Caio Ibelli. Nosso "Panda" vai para a etapa que se encaixa mais no seu surf. Drives longos, além de algumas variações de rasgadas potentes, poderão ser as principais armas do catarinense. Já Caio Ibelli, mesmo não estando em sua melhor forma física e competitiva, vai para a etapa onde já se consagrou vice-campeão. Grande chance para o paulista de se apresentar bem e continuar correndo o Circuito Mundial na íntegra, por direito.

Michael Rodrigues, Peterson Crisanto, Jessé Mendes, Deivid Silva e Jadson André, muito boa sorte e um grande evento para todos.

Agora é aguardar o tão esperado início da etapa mais tradicional do Circuito Mundial de surf. A previsão não está nada boa para os primeiros dias de janela, o que aumenta a chance de haver dual heat ou overlapping heats, formato em que duas baterias são colocadas na água simultaneamente.

Vamos aguardar e ver como irá funcionar essa nova dinâmica de baterias em picos de point break.

Ainda bem que Winkipop é no mesmo estado de Bells (risos), impedindo assim qualquer empecilho contratual que possa prejudicar os donos do show: os surfistas e as ondas.

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