Ítalo frenético

Nosso colunista analisa a vitória de Ítalo Ferreira em Portugal e a briga pelo título mundial entre Medina, Toledo e Julian Wilson


Ítalo Ferreira e Gabriel Medina nos bastidores da etapa em Peniche. Foto: WSL


Finalizamos a penúltima etapa da temporada, realizada em Portugal com um show do potiguar Ítalo Ferreira, que não deu chances a ninguém, principalmente no último dia de competição.

Dia esse que também deverá ser lembrado por muitos, não só pelo show de surfe do nosso frenético potiguar, mas por mais uma decisão errada por parte do comissariado da WSL. Colocaram apenas uma bateria na água n sexta, alegando uma melhora significativa do mar para o sábado, sendo afirmado ainda, na própria rede social da entidade, que o evento deveria acabar antes das 13:00, horário local, devido a maré começar a encher nesse momento.

A verdade é que o mar amanheceu quase flat, lisinho, com ondas muito pequenas e demoradas. Entretanto, a praia amanheceu completamente lotada, devido a informação de que o evento terminaria nesse dia, inclusive antes das 13:00. Temos que bater nessa tecla.

Além da praia que estava super "crowdeada", as visualizações na transmissão ao vivo, via WSL, batiam 16 mil na língua portuguesa, fato este inédito para mim. Neste caso, não havia possibilidade alguma da entidade não colocar o evento na água neste dia. Deixou o quesito "melhores condições" de lado, sendo que havia ainda mais sete dias da janela de espera e se rendeu ao público presente e de casa, que aguardava anciosamente a finalização do evento. A ordem veio de cima, fato!

Italo levou, Julian reclamou, Gabriel disparou. E o Toledo, cadê?

Filipinho, como já comentamos em algumas colunas, sentiu a pressão e deu uma boa estagnada no ranking. Duas 13º colocações seguidas e Pipe pela frente, onde dos três postulantes ao titulo é o mais fraco em toda e qualquer bolsa de apostas. Para se ter uma ideia, o melhor resultado de Toledo nesta onda foi uma 5º colocação, em uma bateria em que Gabriel Medina saiu para comemorar seu titulo mundial, retornou a batera e ainda deu tempo de ganhar do ubatubense.

Tudo mudou, outros tempos, mais maduro e surfando muito mais, Filipinho pode sim se sagrar campeão do mundo. Tarefa difícil, mas não impossível, vide retrospecto do titulo mundial de Adriano de Souza em 2015. Motivação não vai faltar. Se der um bom Backdoor, as chances podem aumentar ainda mais, mesmo com inúmeros surfistas que podem vencer nesta onda, aliados aos afiados wildcards locais, o que dificulta ainda mais a vida do nosso prodígio.

Julian já ganhou por lá, naquela incrível final de 2014. Com um surf bastante afiado, tem grandes chances de fazer um super evento e levar o maior caneco pra seu país, Austrália, o que seria uma tremenda injustiça em relação a campanha brazuca deste ano. Impecável.

Lembrando que se Toledo chegar na semi e Julian também, se encontrarão nesta fase, o que nos permite afirmar que um dos dois não teria mais chance de titulo, pois ambos tem que chegar na final e ainda torcer para Gabriel não chegar nesta fase também, páreo duro.

Já o fenômeno paulista Gabriel Medina, só depende dele para erguer a taça de bicampeão do mundo. Com duas finais em Pipe, além de duas 5º colocações como melhores resultados, faz de Gabriel um dos grandes favoritos ao titulo da etapa e do circuito. Lembrando que as três vezes que de fato precisou fazer um grande resultado nesta onda onde disputou o titulo até o fim em 2014, 2015 e 2017, chegou junto com dois vice campeonatos seguidos e uma quinta colocação respectivamente.

É o melhor surfista do mundo na atualidade e um bi campeonato mundial é mais do que justo ao maior surfista brasileiro da história, inclusive sendo elogiado publicamente entre grandes nomes do surf mundial, como Mick Fanning e Joel Parkinson recentemente.

E Italote ou se preferir em ingles "It a lot", apelido carinhoso dado pelos seus amigos e companheiros de tour ao nosso cabra retado potiguar Italo Ferreira. Venceu mais uma vez no tour, agora são três vitórias esse ano e vai pra Pipe com tudo, mesmo não tendo mais condições de titulo.

Sua inconsistência no ano fez com que ele parasse na quarta posição geral, sendo seu melhor resultado desde sua entrada no tour em 2015. Para mim, o brasileiro que mais evoluiu nesses anos e se melhorar sua abordagem de frente pra onda em algumas ondas especificas, vai buscar o tão sonhado titulo mundial.

Em compensação, por ter ganhado três etapas, acumulou mais dinheiro em premiação do que qualquer outro atleta esse ano, cerca de $ 386.000,00 mil doletas, nada mal.

A nota ruim desta etapa foi a contusão do nosso capitão Adriano de Souza, que ficará de molho por aproximadamente 6 meses.

O restante dos brasileiros, tirando Willian Cardoso e Michael Rodrigues, que já estão classificados para o ano que vem, boa sorte em Pipe e que se não deu esse ano, é treinar e focar pra próxima temporada, pois surf vocês tem de sobra, principalmente Jesse Mendes e Yago Dora (ainda pertence ao G-22 ), que surfam muito, mas não tiveram um grande ano infelizmente.

Vamos pra Pipe, lotar aquela areia como sempre fizemos e torcer para nosso esquadrão verde e amarelo, mas alguma coisa esta me dizendo que vai dar Brasil, algum pressentimento do além. Ano de Copa do Mundo, de eleição, além de Medina na ponta, como há 4 anos atrás.

Como recordar é viver, e para não esquecermos o hashtag mais falado nessa época, além de centenas de placas nas areias de Pipe, em maiúsculo vai nossa torcida.

#Gomedina

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