Reta final

Nosso colunista Lalo Giudice aponta seus palpites depois da etapa francesa e comenta sobre os candidatos ao título mundial


Julian Wilson, Gabriel Medina e Filipe Toledo de olho na taça. Foto: WSL


Para esta coluna de encerramento do Pro France, vencido pelo australiano Julian Wilson, procurei começar a escrever ainda mesmo antes de acabar a grande final, para não perder ou esquecer de citar alguns pontos que me chamaram muito atenção. Porém, fiz questão também de aguardar e analisar calmamente as opiniões de muita gente boa que acompanha o surfe por muito tempo, além de é claro, conhecimento do assunto e senso critico.

Os australianos depois de sete etapas consecutivas conseguiram se destacar e vencer uma etapa do Circuito Mundial. O vencedor Julian, cirúrgico como sempre, levou sua segunda etapa no ano, batendo o talentoso wildcard Ryan Callinan na gande final. Porém, além desses dois finalistas, precisamos supra sumar e criticar mais incisivamente os outros dois australianos que estão roubando a cena no Circuito este ano.

O primeiro deles é o atual head judge da WSL, Pritamo Ahrendt. Juiz de longa data, assumiu o cargo substituindo o até então Richie Porta, com o intuito de dar uma cara nova ao critério de julgamento da WSL. Conseguiu mudar sim, mas para o meu ponto de vista e da maioria dos atletas do Tour, tal mudança vai de mal a pior. Escalas muito baixas, notas apertadas e esquecimento nas comparações. Não me lembro uma etapa deste ano de não haver reclamação dos atletas por parte da nova escala. Em um piscar de olhos, já lembro do Jordy em Uluwatu e na piscina do Kelly, Filipinho também em Uluwatu, Tomas Hermes na piscina e agora na França, Jesse Mendes em Teahupoo, Willian Cardoso em Bells, Jeremy Flores em Teahupoo, além de Kolohe Andino, que se pudesse, enviava uma passagem sem volta para a Venezuela de presente ao novo head judge da entidade.

Para se ter uma ideia, as quatro primeiras baterias do round 3 terminaram dessa forma: Italo 13,84 x 13,90 Wilko; Conner Coffin 10.43 x 10,27 Yago Dora; Jordy Smith 10,50 x 10,30 Ian Gouveia; Willian Cardoso 11,13 x 11,07 Connor O´Leary.

Baterias muito apertadas devido a escala muito baixa em que o australiano de Byron Bay, Pritamo Ahrendt, trabalha, levando mais ainda a subjetividade. Se buscamos cada vez mais eliminar as variáveis de um critério subjetivo, o "meu amigo" vai lá e por achar que vai elevar o nível do surfe dessa maneira, deixa o surf mais subjetivo ainda. Seus próprios colegas de trabalho nas transmissões especializadas, ex-juízes e renomados ex-surfistas profissionais estão passando vergonha com total disparate. Comentários completamente diferentes das notas geradas pela bancada de juízes, comandado por Pritamo, a coisa está feia.

Outro australiano que curiosamente também é de Byron Bay e que esta chamando bastante atenção em suas decisões é o comissário da entidade e ex-surfista profissional Kierren Perrow. O Perrow na verdade, apesar de ter muito tato e percepção para definir se vai haver evento ou não, recebe mais ordens e talvez seu poder de decisão seja menor do que o de Pritamo. Entretanto, são sobre essas ordens que pretendo dar um parêntese e tenho certeza que em um futuro próximo, toda sua carteira de trabalho irá mudar.

Me refiro neste caso ao velho clichê que perdura no surf até hoje "O cronograma esta sujeito a alteração", que delimita todo e qualquer telespectador de se programar a assistir seus ídolos em um horário previamente divulgado. Neste última sexta feira, onde se deu as finais do evento, no inico do dia ninguém sabia ao certo se ia terminar no mesmo dia, pois para o próprio comissário responsável, Kierren Perrow, o evento terminaria no sábado e a última bateria da sexta feira seria a final Feminina.

Neste mesmo momento me arrumei para fazer outras coisas, ir na praia, já que era feriado e trinta minutos depois voltei pra casa e já estava rolando a segunda semifinal masculina na água.

Resumindo, resolveram terminar o evento na sexta mesmo, já que teria tempo. Só que se esqueceram de avisar as neblinas, que pairavam no local e o mais importante, avisar aos seus clientes, que em sua maioria, não estão na praia. Neste caso, os internautas ou telespectadores de canais fechados, ou seja, quem paga a conta indiretamente e que em um futuro próximo, irá pagar diretamente esta conta ou você acha que continuaremos a assistir nossos ídolos de graça? Vai vendo... (literalmente).

Parando pra analisar a quantidade de visualizações, não passa nem de 3000/dia na língua portuguesa, o que é uma vergonha para um patrocinador que pretende botar sua marca em qualquer evento da WSL, inclusive, tenho certeza e algumas informações de bastidores que a própria entidade esta buscando um jeito de aumentar essa audiência e acabar de vez com essa quantidade absurda de on hold ou de qualquer mudança, que por ventura venha ocorrer. Não existe telespectador que aguente.

Voltando ao surfe e as performances dos brasileiros, temos duas situações distintas, tanto na corrida pelo titulo mundial, quanto pela qualificação do ano que vem.

E o que muita gente previa aconteceu, Filipinho Toledo, mesmo surfando muito, perdeu precocemente, ficando na 13º posição na França. Viu seu amigo e rival, Gabriel Medina, assumir a liderança na corrida pelo titulo mundial com um terceiro lugar e Julian Wilson vencer o evento, ameaçando sua vice liderança.

Precisa surfar muito e fazer um grande resultado em Portugal, já que na última etapa em Pipeline, no Hawaii, pode ficar estreito para o ubatubense, já que Gabriel e Julian são bem melhores que ele em ondas de consequência, fato consumado.

Gabriel Medina depois de longos 4 anos, veste a lycra amarela de líder do circuito e para tirar dele será uma missão e tanto. Defende o titulo em Portugal e em Pipe, sem John John e talvez Kelly Slater, sendo o grande favorito.

Italo perdeu em mais uma bateria de julgamento apertado no round 3 e continua com a quarta colocação no ranking ainda. Já fez uma final em Portugal em 2015 e tem tudo para terminar o ano nas cabeças.

Adriano de Souza, nosso capitão, fez seu melhor resultado no ano, uma quinta colocação e praticamente se garantiu para mais uma temporada ano que vem.

Willian Cardoso e Michael Rodrigues com mais um 9º, se mantem nos top 16 e continuam na briga pelo titulo simbólico de Rookie of the Year.

Yago Dora e Tomas Hermes continuam brigando para se manter entre os G-22, estando em 21º e 24º colocações respectivamente.

Já Ian Gouveia e Jesse Mendes, precisam de dois grandes resultados para manutenção na elite do surf mundial do ano que vem, já que ambos ocupam a 30º posição.

Miguel Pupo e Wiggolly Dantas deverão participar das duas ultimas etapas do WT ainda como convidados e suas classificações pela própria elite ficam cada vez mais difícil, além de Caio Ibelli, que continua machucado.

Perdemos a segunda batalha no ano, mas não a guerra. Na terra de Napoleão Bonaparte e do famoso Dia D de 1944 (dia em que os aliados desembarcaram na Normandia, cidade francesa, dando o fim da 2º Guerra Mundial para alguns historiadores) sofremos um pequeno ataque do esquadrão australiano, mas nos defendemos bem e mantivemos o controle. O comando precisou ser trocado, mas o reinado não.

Na França, perdendo ou ganhando, Gabriel Medina sempre sairá como rei e para tira-lo dessa posição agora em seus territórios, como Portugal e Hawaii, será uma batalha e tanto.

Para o inicio da etapa em Portugal, não faremos mais uma coluna, vide a proximidade dos eventos da perna europeia e o contexto permanecer praticamente o mesmo, a briga pelo titulo mundial entre Gabriel, Filipe e Julian. Somente o Mickey Wright que não irá participar desta vez ou não colocaram o nome dele ainda...

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