A hora do Rancho

Nosso colunista Lalo Giudice comenta a expectativa para o início do Surf Ranch Pro


O Surf Ranch será o palco da oitava etapa do Circuito Mundial. Foto: @WSL / Kelly Cestari


Aumenta a expectativa para o início da oitava e mais aguardada etapa do Circuito Mundial de Surf da WSL, o Surf Ranch Pro, que começará amanhã (6/9), pontualmente às 13:00 horas, indo até o domingo, 9 de setembro, na Kelly Slater Wave CO, em Lemoore, na Califórnia.

Diferentemente dos modelos tradicionais, as famosas baterias mata mata serão substiuidos por apresentações individuais, já que as condições são iguais para todos. Neste novo modelo, onde se diminui e muito as variáveis de um campeonato de surf tradicional, como a disputa de remada, tempo de bateria, além da velha e boa ajuda da mãe Natureza em enviar ondas e ainda assim, abrindo com qualidade, prevalecerá no Rancho a mais alta performance já vista em eventos de surfe.

Tivemos a impressão nos primeiros eventos testes que a monotonia contagiaria todos nós, com muitas manobras repetidas e sem muito risco, já que qualquer erro valeria uma onda perdida. Ficou nítido este assunto nos debates dos sites especializados, na roda de amigos e na calmaria das séries nos momentos de descontração no free surf.

Aos poucos ia tentando "catequizar" um a um, informando o que seria, questão do tempo, que o network naquele tipo de onda com free surfers californianos locais, skimboarders e alguns top surfers que em momentos livres, apareciam no Rancho pra fazer um treino, iria mudar a leitura da onda e a abordagem da mesma. Dito e certo. Nesta semana, nosso prodígio, o atual líder do ranking, Filipe Toledo, postou em suas redes sociais uma direita sendo executada com três aéreos e dois tubos. Jessé Mendes também conseguiu aplicar um round cutback em uma esquerda, que se fosse em qualquer outro lugar, não passaria de uma manobra funcional, mas na piscina do Kelly nos mostrou uma leitura completamente diferente das que estamos acostumados.

Ênfase nas performances, ênfase nos brasileiros, que mais uma vez chegam como fortes candidatos ao titulo do Surf Ranch Pro. Filipinho e Gabriel, líder e vice líder do ranking, deverão fazer alucinantes apresentações, vide retrospecto nos últimos dois eventos testes. Acredito também que Medina leve uma ligeira vantagem em relação a Toledo. A maestria com que Gabriel entuba de backside naquela onda é algo impressionante. Na verdade, estou convicto que a onda do Rancho, tanto a direita, quanto a esquerda, se encaixa melhor ao goofy footer. Pra direita, com o tubo um pouco mais aberto, o goofy consegue estolar mais fácil, ficando mais deep do que um regular, que tem uma postura um pouco mais em pé, mesmo que se abaixe. Na esquerda, dois tubos um pouco mais espremidos, com paredes mais acessíveis para aéreos. Neste caso, o goofy também levaria uma pequena vantagem nesse lado da onda.

Outro aspecto importante que me leva acreditar no favoritismo de Medina é a formato do evento. Não são contadas as duas melhores ondas e sim a melhor esquerda e a melhor direita. Uma onda de frontside e uma de backside. Não concordo com esse novo formato, foge dos critérios atuais de competição, mesmo sendo em uma arena artificial. Discordo dessa ideia, pois abre margem para outro tipo de análise, como no skate e no snowboard, onde manobras executadas de base trocada, "switch stance", são super valorizadas pelos árbitros, como ocorreu com o brasileiro Bob Burnquist, vencedor de 13 X- Games competindo com a base inversa.

Se levássemos isso em consideração, Gabriel Medina seria campeão mundial pelo resto dos próximos 20 anos, pois quem não sabe, sua base no skate e no snow é regular e no surfe apenas ele é goofy. Algo inédito no Circuito Mundial. Nosso fenômeno paulista é realmente fora de série, mas isso é assunto para uma outra coluna, quem sabe a próxima, mas independente da base, o garoto é o melhor surfista do mundo na atualidade em minha humilde opinião.

Ítalo Ferreira vem para sua estreia no Rancho. Recuperado de sua lesão na coxa esquerda, vem fazendo um ano brilhante e deve da muito trabalho na piscina. Postou um aéreo muito alto esses dias em suas redes socias e alguns tubos de backside, completamente entocado.

Nosso Panda, William Cardoso, é mais um que estreia nas ondas artificiais criadas pelo mito Kelly Slater. Já possui pontuação para reclassificação do ano que vem e estou curioso para ver suas apresentações neste tipo de onda.

O brasiliense radicado no Ceará, que reside em Floripa, Michael Rodrigues, tem tudo para chegar no dia decisivo, ficando entre os oito primeiros. Entubou profundo nos treinos e voa com muita facilidade para ambos os lados.

Adriano de Souza também precisa fazer grandes apresentações para se alavancar no ranking. Nosso capitão tem uma certa vantagem por já ter competido nos dois eventos testes da WSL, inclusive surfando bem. A 19º posição no ranking deste ano não condiz com seu surfe. Vamos torcer para que Mineiro encontre seu verdadeiro nivel e avance ao último dia de evento.

Yago Dora, Tomas Hermes, Jessé Mendes, Ian Gouveia, Wiggoly Dantas e Miguel Pupo são os outros brasileiros que competem na oitava etapa do Tour. Nossa imensa torcida para nosso esquadrão verde amarelo.

Agora é aguardar o horário de amanhã para vermos o maior evento de surf da história, com recordes de visualizações e compartilhamentos. E nós, amantes do esporte, que olhamos com um pouco mais de senso critico tudo que está acontecendo nesta nova fase da entidade e que só queremos o melhor para com o surfe, esperamos que o comissário da WSL ou qualquer outro do staff, esteja a postos às 12:50 e não às 13:05 como de costume.

#euacredito

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