De volta ao topo

Lalo Giudice fala sobre mais uma brilhante vitória de Gabriel Medina em Teahupoo


Gabriel Medina vence o Tahiti Pro e ganha força na corrida pelo título mundial. Foto: WSL / Poullenot.


Foi de arrepiar, eletrizante, animal! É dessa forma que começaremos a descrever a vitória, vinda na última onda, do fenômeno Gabriel Medina, na sétima etapa do circuito mundial de surf da WSL, realizada nas temidas e rasas bancadas de Teahupoo, no Tahiti.

Entretanto, antes da análise de como foi esse tento e das performances de nossos brazucas, precisamos salientar, expor, sem perder o foco na vitória de Gabriel, é claro, o grande problema que a entidade, WSL, tem e terá nesses próximos anos, de trazer a maior audiência ou tentar popularizar o esporte, pois depender do oceano, do tempo, da maré e até mesmo de tubarões, para se começar um evento, sem um horário definido, não há telespectador que aguente esperar.

Teahupoo passou longe, mas muito longe mesmo, de se apresentar, mais uma vez, como o slab mais perfeito, casca grossa e fotogênico do mundo, como vimos em muitas ocasiões no circuito mundial e em varias sessões de free surf. Mesmo com 11 dias de janela, foram usados 9, nenhum dia quebrou “ótimo”. E, quando achávamos que ia começar, o comissário da entidade, responsável em fazer as chamadas das baterias, dava o famoso ON HOLD, ou seja, em espera.

Mas isso não aconteceu e não acontece só em Teahupoo, é uma frequência nas etapas do circuito mundial, é o formato de competição contemporâneo, já que realmente os surfistas precisam e devem surfar nas melhores condições e nós, telespectadores, precisamos aguardar a boa vontade do oceano, do tempo, da maré e até mesmo de tubarões para poder assistir aos nossos ídolos, como já dito no primeiro parágrafo desta coluna. É bom enfatizar.

Hoje, por exemplo, conseguimos assistir e até não perder uma luta de UFC, sendo que nunca fizemos MMA, jiu-jitsu ou algo parecido, mas o esporte se profissionalizou, está se popularizando, tem hora certa pra iniciar. Pode comprar a pipoca e o guaraná que vai começar às 20h, sem ON Hold, sem Off.

É esse tipo de “cliente” que a WSL almeja conquistar, o cliente simpatizante, que não surfa, mas acompanha o esporte pela sua magia ou qualquer outra razão. Já está até conseguindo, mas é notório a não satisfação por parte destes telespectadores que não estão acostumados a essa quantidade de variáveis para se ter uma competição. Enquanto a WSL não resolve essa questão, nós, amantes enlouquecidos, continuaremos a acompanhar o circuito, mas sem preparativos prévios e, muitas vezes, chateados.

Voltando à agua e à performance dos brasileiros, precisamos exaltar, em primeira mão, um dos maiores surfistas de todos os tempos naquela onda, o campeão do Tahiti Pro 2018, Gabriel Medina. Em sua quarta final nos canudos de Teahupoo, Medina começou o domingo decisivo não dando chances alguma ao grande amigo, Italo Ferreira, nas quartas. Bateu um dos favoritos ao título, na semi, o francês Jeremy Flores, que vinha fazendo grandes apresentações, como de costume, até chegar à grande final.

Já na decisão, com o vento atrapalhando a formação das ondas, Gabriel começou atrás no placar. Foi construindo seus scores aos poucos até o australiano Owen Wright achar um tubo pra lá de espremido e virar a bateria a seu favor. Faltando pouco mais de 1 min e 30 segundos, depois de algumas tentativas frustradas do brasileiro, a última série da bateria entra. O australiano, para marcar Medina, que precisava de apenas 4,54, vai na primeira onda e deixa a de trás para o fenômeno de Maresias, que não desperdiça e vira a bateria a seu favor.

Todos aguardavam a divulgação do resultado ainda no canal, mas existia um ar de vitória devido à tamanha felicidade que se encontrara Charles Saldanha, padrasto de Medina, que também estava por ali. Resultado dado, festa brasileira, que agora chega a 6 vitórias em 7 provas disputadas. Simplesmente inacreditável.

Com este resultado, Medina assume a segunda colocação no ranking e chega de vez na corrida ao titulo mundial da temporada. Nesta altura do circuito, onde o histórico de Gabriel é sensacional e sendo um pouco mais incisivo em minhas opiniões, considero Gabriel Medina o grande favorito para o titulo de campeão mundial de surf de 2018.

O pensamento é bem simples: próxima etapa no Rancho, ele ganhou ano passado. Depois vem a França, também ganhou ano passado, além de ser o “Rei da França”, com três vitórias e dois vices-campeonatos. Depois Portugal, ganhou ano passado e perdeu pra Julian Wilson , em 2012, em um dos maiores escândalos de arbitragem da história. Por último, no Hawaii...

Filipinho, com o terceiro lugar em Teahupoo e melhor resultado da carreira nessa onda, mantém a lycra amarela de líder do circuito. Fazendo um ano brilhante, Toledo também tem tudo para abocanhar o tão sonhado título mundial. Acredito que a próxima etapa, no Rancho, será o divisor de águas para o nosso prodígio, que, diferentemente do que muitos estão pensando, vai ter que entubar profundo no KSWave Co para levar o título da etapa. Para as provas pós Rancho, treinamento e foco, já que no ano passado acumulou três vigésimas quintas colocações seguidas na França, Portugal e Hawaii.

Italo, mesmo machucado, conseguiu um bom resultado no ano. Vai estrear na piscina do Kelly e tem tudo para fazer um belo fim de ano também. Já o Panda, Willian Cardoso, perdeu de cara pela primeira vez no ano. Com seus 21.825 pontos, Willian está praticamente garantido no Tour do ano que vem. Será mais um brazuca a estrear no Rancho.

O paranaense radicado em Santa Catarina, Yago Dora, conseguiu mais um bom resultado no ano, desta vez uma nona colocação, e já esta entre os 22 surfistas que se classificarão para o ano que vem. Seu parceiro de treinos, e que não vem fazendo uma grande temporada, o campeão mundial Adriano de Souza, perdeu ainda no round 3, amargando mais uma 13a posição no ano, bem como o cearense rookie, Michael Rodrigues, Wiggolly Dantas, Jessé Mendes e Ian Gouveia, tendo esses dois últimos muito trabalho pela frente, já que não estão se requalificando neste momento. Já Miguel Pupo e Tomas Hermes não passaram nenhuma bateria, amargando a 25a colocação em Teahupoo.

Agora é aguardar, nos próximos dias 6 a 9 de setembro, a oitava e mais esperada etapa do circuito mundial de surf, nas perfeitas ondas do KSWave Co, em Lemoore, Califórnia.

Vamos comprar pipoca e guaraná porque no dia 6, às 12 horas de Brasília, o evento acontecerá, com ou sem Kieren Perrow. Será?

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