Expectativa no Tahiti

Nosso colunista Lalo Giudice analisa os candidatos ao título do Tahiti Pro em Teahupoo


Filipe Toledo é o líder do ranking da WSL. Foto arquivo: WSL


A janela de espera para a 7º etapa do Circuito Mundial de Surf da WSL, o Tahiti Pro Teahupoo, vai do dia 10 até o dia 21 de agosto, onde será definido o grande campeão, no slab mais famoso do planeta, Teahupoo.

Na corrida pelo titulo deste ano, o brasileiro Filipe Toledo é o líder, seguido de perto por Julian Wilson e Gabriel Medina consecutivamente. A etapa de Teahupoo é o maior desafio na carreira de Filipinho, pois como sabemos, é um tipo de onda que não se encaixa ao seu surf. Seu melhor resultado nesta arena foi uma 9º colacação, obtida em 2015, sendo derrotado por Ítalo Ferreira em uma bateria que o mesmo não pegou uma onda sequer. Toledo naquele ano já havia vencido dois eventos, assim como agora em 2018, e um péssimo resultado no Tahiti pode atrapalhar e muito os planos do tão sonhado título de campeão mundial.

Filipinho chegou com bastante antecedência para esta etapa em Teahupoo, como pudemos acompanhar as postagens em suas redes sociais, buscando sempre aperfeiçoar sua técnica de entubar de backside. Até um vídeo em especial, muito interessante por sinal, em que Toledo se arrisca em um tubo quadrado, não sendo feliz na conclusão, onde o mesmo se machuca nos rasos e pontiagudos corais da região.

Houveram até alguns posts com o titulo: "Toledo becoming a man", ou seja, "Toledo se tornando homem", sobre essa onda do ubatubense, que nem conseguiu sair do tubo, mas já demonstra sinais de amadurecimento em ondas de consequência.

Para ser sincerso, acredito que Toledo realmente conseguirá ter uma performance melhor do que os outros anos, até porque o cenário é outro. Mais forte fisicamente, psicologicamente e com previsão de ondas medianas em quase todo período da janela de espera para este evento, aumentando um pouco a partir do dia 16, Filipinho com esses pontos positivos a seu favor pode fazer um grande resultado na temida esquerda taitiana.

Por outro lado, se as ondas subirem para acima dos 10 pés, vejo um Toledo muito inferior a praticamente metade dos surfistas da elite do surf mundial. Em uma fração de segundos, em um raciocinio coerente, consigo pensar em nomes que se fosse em outra pico, não faria frente com o ubatubense. Wilko, Ace, Zietz, Owen, Flores, Gouveia, Parko, Lau, Bourez, De Souza, Kolohe, Jessé, Yago, Pupo e Wiggolly Dantas, além dos dois locais tahitianos, que consigaram suas vagas pela triagem, que por sinal quebrou clássico, podem e deverão dificultar as coisas para o brasileiro.

A incerteza da performance de Filipinho neste evento está explícita também na formação de muitos times do famoso Fantasy. Não me recordo, em nenhum grupo que esteja participando da brincadeira, de terem colocado Toledo no Time A. Fica nossa torcida para o nosso prodígio, que pegará uma pedreira logo na estreia, o vencedor das triagens, o taitiano Tahanui Smith, além do goofy brasileiro Yago Dora.

Já o terceiro do ranking Gabrel Medina é o líder na casa de apostas por muitos fanáticos e especialistas de plantão. São três finais em Teahupoo, além de uma vitória em cima do mito Kelly Slater, que ficou marcado como a melhor etapa de todos os tempos da história do Circuito Mundial. Perdeu ano passado para Julian Wilson na grande final e vem com tudo para a etapa deste ano. Com a desistência do 11x campeão do mundo Kelly Slater e a ausência mais uma vez do bicampeão mundial John John Florence, ainda machucado, Medina é sem dúvidas o maior especialista nos canudos profundos de Teahupoo e o franco favorito no Tahiti.

Italo Ferreira, que vem fazendo um ano espetacular apesar da inconsistência em algumas etapas, vem de uma pequena contusão em sua perna. Competindo no US Open na semana passada, Italo ao voltar de um floater nas oitavas de final, sentiu sua coxa esquerda e resolveu abandonar a bateria. Horas depois divulgou a sua desistência do evento. Se estiver 100%, Italo pode surpreender e até vencer a etapa.

Willian Cardoso, Michael Rodrigues e Tomas Hermes terão muita dificuldade em surfar essa onda de backside. Um grande resultado para um desses três seria uma grata surpresa.

Adriano de Souza vem em busca de um bom resultado no ano, fato este que ainda não aconteceu nessa temporada. Tem experiência e conhecimento de sobra pra fazer um grande evento também.

Já os nossos goofys Jessé Mendes, que já venceu uma etapa do QS em Arica, no Chile, Ian Gouveia, Yago Dora, Wiggolly Dantas, que participa mais uma vez como wildcard, além de Miguel Pupo, que deverá participar de todo o resto Circuito Mundial deste ano, tem grandes chances de subirem no ranking em Teahupoo.

Entre os gringos, destaque para o atual campeão da etapa, o australiano Julian Wilson, o campeão de 2016, o francês Jeremy Flores, ambos também já ganharam a tão cobiçada etapa de Pipeline, na ilha de Oahu, Hawaii.

Owen Wright, Ace Buchan, que também já ganhou no Tahiti, além da prata da casa Michel Bourez, são nomes de peso que também podem faturar o caneco em Teahupoo.

E o Mickey Wright? O queridão australiano garantiu sua participação no evento quase nos 45 do segundo tempo com a desistência do mito Kelly Slater. Na etapa do Tahiti as vagas estão destinadas ao campeão da triagem e ao melhor taitiano, também do trials. Quase quase o queridão australiano fica de fora dessa e pela sexta vez na temporada vai participar de mais um evento na elite do surf mundial.

Agora é aguardar para ver que dia começa o Tahiti Pro Teahupoo. Como diria ineditamente o dono da WSL, Dirk Ziff, em uma cerimônia de premiação na última semana: "Esperar que o oceano nos traga as condições ideais tem sido uma questão".

Faça sol ou chuva, tempestade ou calmaria, do dia 10 ao 21 estaremos a postos pro que der e vier.

Boa sorte e boas ondas.

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