Show de Italo

Nosso colunista Lalo Giudice comenta a vitória de Italo Ferreira em Keramas, na Indonésia


Italo Ferreira comemora a vitória em Keramas. Foto: Lola Porto


Finalizada mais uma prova do Circuito Mundial de Surf Profissional, desta vez o Bali Protected, quinta etapa do Tour, nas perfeitas direitas de Keramas, na ilha de Bali, Indonésia. Inicialmente não ia escrever esta coluna, estava aguardando acabar o desfecho do Margaret River Pro, em Uluwatu, para fazer um matéria mais ampla do que foi, vamos dizer assim, “a perna indonesiana” do Circuito Mundial.

Porém as atuações espetaculares do potiguar e vencedor do evento, Italo Ferreira, me fizeram repensar sobre o assunto e descrever com mais detalhe essa histórica vitória, segunda em sua carreira e segunda vitória em quatro etapas em 2018.

Italo foi soberano, majestoso, mostrou para o mundo e para os críticos que de backside também se ganha campeonato. Independente da quantidade de direitas no Tour, assunto mais que questionado entre os principais sites do mundo, nosso potiguar não quis saber e agradece, afinal, ele é local de Baia Formosa, famoso point break nordestino de direitas, que revelou atletas como a lenda Fabio Gouveia.

"The Showtime", apelido dado pelo ex campeão mundial e comentarista da WSL, Martin Potter, a Italo Ferreira, a cada bateria passada nas direitas de Keramas nos revela muito bem o que Italo proporcionou ao público presente e a todos expectadores que acompanharam este evento. Batidas retas, invertendo sempre a direção de sua prancha, além de um link de manobras que vem evoluindo a cada dia, fizeram do nosso potiguar um surfista letal.

Depois de duas baterias surfando abaixo dos 12 pontos, no Round 1 perdeu para o ex campeão da etapa, Joel Parkinson, e no Round 2 superou o convidado havaiano Barron Mamiya. Italo começou a se encaixar nas direitas do pico e ganhou de Tomas Hermes no Round 3, surfando já melhor e não tomou conhecimento de Filipe Toledo e Adriano de Souza no Round 4. Bateu o francês Jeremy Flores nas quartas, o gigante sul-africano na semi, na melhor bateria do evento, onde o potiguar teve um 10 unânime depois de aplicar um aéreo full rotation, adicionado a algumas batidas e rasgadas com muita força. Já na grande final, Italo não deu chance alguma ao taitiano Michel Bourez, que fez sua segunda final nas diretas de Keramas, sendo a última em 2013. O taitiano, que vinha embalado com grandes apresentações, praticamente não conseguiu surfar e competir como vinha fazendo em todo evento, sendo literalmente triturado pelo potiguar.

Agora Italo Ferreira chega com duas vitórias em quatro etapas no Circuito Mundial, além de ter garantido também a cobiçada lycra amarela de líder do Circuito. Filipinho Toledo agora é o segundo colocado no ranking. Nosso prodígio perdeu para Jordy Smith nas quartas e segue com grandes chances para o resto do circuito, bem como o líder Italo.

Gabriel Medina agora é o quinto colocado no ranking. Apesar de ter feito uma grande apresentação no Round 3, desferindo grandes batidas, com drives único entre os atletas do Circuito Mundial, perdeu no Round 4 em uma bateria morna. Logo no inicio do embate, procurou a todo instante a primeira prioridade, mesmo sem nenhum atleta ter pego onda ainda, perdendo muito tempo nessa estratégia. Depois, raçudo e competidor ao extremo, como sempre, entrou em uma disputa de remada com o sul africano Jordy Smith, onde o brasileiro novamente se deu mal. Medina sabe que perdeu uma grande oportunidade em Keramas e vai com tudo para Uluwatu, onde é, sem dúvida, o grande favorito da etapa. A finalização do evento de Margaret em Uluwatu será um divisor de águas na corrida pelo titulo deste ano para o fenômeno paulista.

Wilian Cardoso surfou muito, desferindo sempre seus movimentos com muita força e usando sempre as bordas de sua prancha, o Panda foi parado nas quartas pelo ex wildcard australiano e agora candidato a Rookie of the Year, Mikey Wright. Por sinal uma bateria muito contestada entre os especialistas de plantão. Mikey precisava de um 8,37 e na sua última tentativa, achou um bom e longo tubo, desferindo ainda um bom cut back e uma manobra de fundo pra finalizar. O difícil foi entender que com outras ondas muito melhores surfadas para comparação, escala nova de julgamento, dois juizes conseguiram dar acima dos 9 pontos (um juiz deu 9,0 e outro 9,3 ) a esta onda do australiano, que acabou sendo agraciado com 8,43, frustrando a torcida brasileira.

Adriano de Souza vem mostrando evolução em seu surf e fazendo baterias melhores. Mostrou um pouco da velha raça e comprometimento do verdadeiro "Capitão Nascimento". Ficou em nono. Dias melhores virão com certeza pra nosso campeão mundial. Já Jesse Mendes conseguiu mostrar um pouco do seu grande talento e mandar pra casa mais cedo o bi campeão mundial John John Florence. Florence, que por sinal, parece que já jogou a "toalha branca" de desistência para a corrida do titulo de 2018, inclusive é duvida para Uluwatu e para o resto do ano, como se comenta nos bastidores. Se realmente isso acontecer, vamos ter três atletas (Caio Ibelli, John John Florence e Kelly Slater) disputando a vaga de “machucados” do ano que vem. Um deve sobrar, e eu já sei quem!

Tenho certeza que falarei e exaltarei o restante dos brazucas que não foram citados nesta coluna em outras brevíssimas ocasiões, de preferência em Uluwatu. É cedo para pensar em titulo mundial, mas não é tarde para afirmar com afinco que somos os melhores surfistas do mundo em qualquer condição! Obs: so não pode ter tubarão, nem dentro, nem fora d`água...

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