Palpites de Bells

Lalo Giudice estreia coluna no SurfBahia e dá seus palpites sobre etapa do CT em Bells Beach


Apesar do tamanho, Caio Ibelli tem um surf que se encaixa perfeitamente em Bells Beach. Foto: WSL / Cestari.


Aumenta expectativa para o início da segunda etapa do etapa do circuito mundial de surf profissional, que tem janela de espera até 6 de abril, nas lendárias direitas de Bells Beach, no estado de Victoria, Austrália.

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O segundo dia do período novamente foi de descanso para os atletas da elite, que devem passar o dia treinando ali mesmo no corner de Bells, mais conhecida como little Rincon, ou nas proximidades, como Winkipop.

Já nesta quinta-feira (sexta na Austrália), com ondas sólidas que devem chegar aos 10 pés de face, os 36 melhores do mundo devem entrar na água e a expectativa fica em torno do esquadrão brazuca, que entra em cena logo na primeira bateria do dia com Filipe Toledo encarando a maior promessa americana na atualidade, Griffin Colapinto, semifinalista na primeira etapa, e o wildcard sul-africano Michael February.

É notória a evolução de Toledo nessas condições. Ondas volumosas e linhas perfeitas, drives longos já se encaixam em seu surf. Se conseguir combinar com a sua radicalidade, é sem dúvida um dos favoritos ao título da etapa.

Griffin vem de um grande resultado na Gold Coast em seu primeiro ano no tour.
Campeão do QS de 2017 e da Triple Crown, não há quem duvide de que este americano possa também ganhar o evento.

Já Michael February, que herdou mais uma vez a vaga do mito Kelly Slater, vai ter que surfar além dos limites, já que não causou uma boa impressão em Snapper Rocks.

Vice-campeão da etapa no ano passado, o paulista Caio Ibelli enfrenta na terceira bateria o sul-africano Jordy Smith, que venceu o mesmo Ibelli na finalíssima de 2017, e o americano Patrick Gudauskas, que marca seu retorno à elite mundial. Se as previsões acertarem, veremos um grande duelo de regular footers nas direitas de Bells.

Apesar do tamanho, Ibelli tem um surf que se encaixa perfeitamente em Bells, principalmente quando o mar fica acima dos 8 pés. Com um bottom turn muito forte e manobras comprometidas em seu cartel, Caio tem tudo pra fazer novamente um grande resultado, e se tiver o fator sorte ao seu lado, badalar o tão sonhado sino.

Gabriel Medina precisa de um grande resultado em Bells, já que seu retrospecto nessa onda não é dos melhores. Foto: WSL / Sloane.


Já na quarta bateria, um duelo 100% brazuca chama atenção. O campeão mundial de 2014, Gabriel Medina, vai encarar o potiguar Italo Ferreira e o pernambucano Ian Gouveia em uma batalha de goofy footers que com certeza vai pegar fogo.

Gabriel mostrou em Snapper que está com o surf na ponta dos cascos. Perdeu por detalhes pra Mikey Wright.

O brasileiro precisa de um grande resultado em Bells, já que seu retrospecto nessa onda não é dos melhores. É sem dúvida a onda que menos se encaixa em seu surf, e Medina e seu time sabem disso.

Bons resultados tanto em Bells quanto em Margaret são super importantes pra não começar a temporada tão lá atrás no ranking, como vem acontecendo nos últimos três anos, pois sabemos que o segundo turno é dele.

Já o potiguar Italo Ferreira também precisa de um bom resultado para melhorar seu seeding, e assim ter baterias mais fáceis. É a segunda vez no ano que enfrenta Medina e certamente estará muito confiante.

Com uma base bem sólida e um surf muito radical de backside, Italo pode conseguir um grande resultado em Bells, ultrapassando sua melhor marca, um quinto em 2016.

Ian Gouveia, por sua vez, vai precisar surfar com muita maestria e paciência, esperando sempre as melhores da série. O Occy brasileiro tem tudo pra surpreender e fazer uma grande competição.

Na quinta bateria do dia, o rookie catarinense Tomas Hermes mede forças com o atual bicampeão mundial John John Florence e o convidado local Mikey McDonagh. Tominhas, que era uma incógnita por parte da maioria dos brasileiros e terminou a primeira etapa na terceira colocação, já ganha espaço na mídia e a desconfiança em relação ao seu surf já não existe mais.

Os 10 anos de batalha na divisão de acesso fizeram com que amadurecesse bastante seu surf em ondas de consequência, já que na “marola” ele é um exímio competidor. A escolha de onda e o fator sorte podem ajudá-lo nesse primeiro round e no resto da etapa. Para John John, a certeza de que virá com a faca nos dentes, já que se deu muito mal na Gold.

Willian Cardoso possui total sintonia com as ondas de Bells. Foto: WSL / Kirstin.


Nosso capita Adriano de Souza mede forças com o “espartano” taitano Michel Bourez, além do havaiano Keanu Asing, na sétima bateria. Único brasileiro vencedor da emblemática etapa de Bells, Adriano tem tudo para chegar nas cabeças dessa etapa.

Com imensos botton turns e rasgadas usando bastante a borda, Mineiro é um grande favorito nessas condições. Não é à toa que já ganhou Bells e Margaret, duas ondas que encaixam muito bem no seu surf.

Logo em seguida, o catarinense Yago Dora tenta passar sua primeira bateria no CT de 2018, enfrentando o australiano Matt Wilkinson, vencedor de 2016, além do francês Jeremy Flores.

Batalha dura pra Yago, que deverá usar a estratégia a seu favor, já que essa onda não favorece o seu surf progressivo. Trabalho árduo para ele e seu pai / treinador Leandro “Grilo” Dora.

A excelente escolha de onda e tentar achar algumas seções com lip para verticalizar nas manobras podem ajudar Yago a fazer um grande resultado em Bells.

Já na nona bateria, outro catarinense entra na água. O “Panda”, Wilian Cardoso, enfrenta a eterna promessa norte-americana Kolohe Andino, além do português Frederico Morais. Se as previsões realmente se concretizarem, podemos ver um Willian com drives longos, sempre usando muita força nos seus movimentos.

Nessas condições, o surf desse catarinense chega ao auge, como vimos há 4 anos, escovando o mito Kelly Slater em Bells, fazendo um somatório superior a 17 pontos.

Na décima, o cearense Michael Rodrigues enfrenta o australiano veterano Ace Buchan e o melhor rookie do ano passado, o australiano Connor O’Leary. O cearense, que enfileirou grandes tops na primeira etapa, como Jordy Smith e Adriano de Souza, vem com muita confiança para esta segunda etapa.

As ondas de Bells se encaixam bastante no seu surf e um bom desempenho pode alavancá-lo no ranking, conseguindo baterias mais interessantes no resto do ano.

Pra quem não lembra de Michael Rodrigues, como amador ele fez grandes duelos contra Filipe Toledo e Italo Ferreira. Sua entrada no CT era só uma questão de tempo.

E pra finalizar, na última bateria da primeira fase, o paulista Jessé Mendes enfrenta o havaiano Sebastian Zietz e o tricampeão mundial Mick Fanning, que encerra sua carreira na etapa do seu patrocinador e a que lhe revelou para o Mundo em 2001, quando ganhou como wildcard, com apenas 17 anos de idade.

O talentoso Jessé vai ser mais um brasileiro a surfar de costas pra onda e precisa estar nas pontas dos cascos se quiser avançar nessa bateria ou fazer um grande resultado nesta etapa.

Agora é esperar e torcer para que o esquadrão brasileiro faça um grande trabalho nas geladas e cultuadas ondas de Bells Beach, e que essa nova comissão técnica da WSL consiga fazer os ajustes finos para com o surf. Nós, brasileiros, agradecemos.

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