Vitória merecida

Armando Daltro analisa a etapa taitiana do Championship Tour, vencida por Julian Wilson


Julian Wilson vence etapa em Teahupoo de forma incrível. Foto: WSL / Cestari.


A etapa de Teahupoo de 2017 não será lembrada por suas ondas grandes e tubulares, mas sim por baterias acirradas, decididas no braço e muitas delas nos segundos finais.

Nesse contexto, os atletas que estavam mais concentrados e com uma técnica apurada para brecar e acelerar dentro dos pequenos tubos destacaram-se acima dos demais.

No primeiro round, John John, Gabriel Medina, Adrian Buchan e Ian Gouveia foram os melhores em ondas inconsistentes de até 4 pés.

Nesse mesmo dia, teve início o round 2 e Filipinho deu adeus à competição numa bateria de poucas ondas. Porém, ele não mostrou a garra apresentada na etapa anterior, experimentou poucas ondas e deixou seu adversário virar a bateria faltando pouco mais de 3 minutos sob sua prioridade, amargando pela segunda vez na temporada a 25º posição.

Ainda no round 2, só que no dia seguinte, o mar melhorou consideravelmente e algumas ondas de até 6 pés quebraram perfeitas sobre a rasa bancada de Teahupoo, proporcionando os melhores tubos do evento.

O primeiro grande duelo foi entre Jadson André e o local Michel Bourez. Ambos pegaram vários tubos e se alternaram na ponta até Bourez pegar dois belos canudos seguidos para ampliar sua vantagem.  

Miguel Pupo perdeu para Sebastian Zietz numa bateria de poucas ondas. Ambos surfaram apenas duas ondas, Miguel escolheu uma onda que parecia ser muito boa, mas acabou fechando, enquanto Zietz pegou um belo tubo na onda de trás e venceu.

Sem dúvida a melhor bateria do dia foi entre Jeremy Flores e Leonardo Fioravanti. Eles mostraram muita técnica para entubar de backside e foram presenteados com boas séries. Jeremy mostrou todo o seu conhecimento do pico, dominou a bateria e trabalhou muito bem a prioridade, só utilizando nas melhores ondas, para fazer o maior somatório do dia, 18,77.

Caio Ibelli pegou poucas ondas e foi derrotado por Kanoa Igarashi, que surfou apenas duas ondas, sendo um tubo excelente logo no início da bateria. Já Caio remou atrasado numa onda com potencial, mas acabou vacando ainda no drop.

Na última bateria do round 2, Wiggolly Dantas pegou bons tubos e manobrou na saída para vencer o havaiano Ezekiel Lau.

Gabriel Medina chega à final com atuações arrojadas, mas leva virada inesperada. Foto: WSL / Cestari.


O round 3 começou imediatamente e grandes duelos aconteceram na tarde do segundo dia do evento. Destaque para as performances já esperadas de John John e Julian Wilson, que venceram Nat Yang e Italo Ferreira, respectivamente.

Italo surfou muito e vendeu caro sua derrota, conseguindo dois bons tubos, mas Julian estava perfeito na escolha de ondas e técnica de entubar. Outra boa bateria foi entre Adrian Buchan e Mick Fanning, onde Andrian levou a melhor.

O novato Joan Duru pegou bons tubos e derrotou Joel Parkinson. Gabriel Medina venceu Bede Durbidge e Wiggolly Dantas venceu o duelo brasileiro contra Mineirinho. As grandes surpresas desse round foram as derrotas de Michel Bourez e Jeremy Flores para Conner Coffin e Connor O’ Leary, respectivamente.

O terceiro e último dia de evento teve início com as quatro baterias do round 4. O mar um pouco menor e com vento variando muito de direção deixou os tubos ainda mais difíceis. John John mais uma vez foi o destaque e avançou direto para as quartas de final junto com Owen Wright, Kolohe Andino e Joan Duru.

O round 5 começou com o duelo entre Gabriel Medina e Connor O’Leary. Medina escolheu muito bem suas ondas desde o início e ganhou a bateria, assim com Wiggolliy Dantas na bateria seguinte, quando derrotou o atual líder Matt Wilkinson pegando as melhores ondas e entubando profundo. Jordy Smith passou apertado por Conner Coffin  e Julian Wilson venceu Adrian Buchan com ondas de manobras.

As quartas de finais começaram com o show de Medina. Logo na primeira onda ele saiu de um tubo profundo, passando por uma seção quase impossível, e ainda aplicou duas manobras para arrancar o primeiro 10 da competição, depois foi administrando as séries e avançou com mais uma nota 8,23 para derrotar Owen Wright.

Na segunda bateria, Wiggolly iniciou bem, mas ficou muito tempo com a prioridade e deixou Kolohe construir a vitória pegando ondas sem prioridade. No momento em que deveria aguardar um pouco mais, remou numa onda ruim e entregou a prioridade e a bateria para Kolohe, que achou uma onda excelente no fim do confronto.

Na bateria seguinte, entre Jordy Smith e John John, além da vaga na semifinal, estava em jogo a liderança do ranking. Jordy foi muito seletivo e pegou as melhores ondas, entubou bem e aplicou boas manobras para derrotar John John e assumir a ponta do ranking.

Na quarta e última bateria, Julian Wilson matou a bateria nas duas primeiras ondas, isso em menos de 10 minutos, mostrando que queria algo mais e despachando Joan Duru, que só achou um tubo.

Na primeira semi, Medina competiu com a faca nos dentes, disputou remada a remada a primeira onda e conseguiu tirar Kolohe do pico e pegar a primeira onda boa para iniciar seu caminho para a final. O brasileiro pegou boas ondas sem a prioridade e construiu o resultado, mesmo com Kolohe pegando o melhor tubo da bateria.  

Na segunda bateria, Julian Wilson mostrou frieza e muito surf para derrotar Jordy Smith numa bateria com menos ondas tubulares. Julian chegou a fazer uma boa onda, sem a prioridade, manobrado forte desde o inicio da onda até a última manobra.

A grande final começou tensa, ambos os atletas brigando pela prioridade no pico, remando lado a lado, batendo braço. Julian Wilson chegou a remar para cima de Medina em uma das ondas. O australiano começou melhor, mas logo em seguida Medina usou a prioridade e pegou um bom tubo para arrancar 8,67.

Julian pegou uma onda e caiu, mas recuperou a prioridade antes de Medina. O brasileiro foi mais para trás da bancada e remou numa onda aparentemente pequena, só que ela foi ganhando tamanho e ele surfou um tubo longo e ainda mandou três manobras fortes para fazer uma onda excelente e deixar Julian necessitando de uma combinação de notas.

Logo em seguida, Julian pegou um 8,10 e saiu da combinação. Era hora de Medina sentar e segurar a prioridade até vir uma onda de qualidade, mas, como havia feito sua melhor onda numa onda com pouca expressão, talvez o excesso de confiança tenha atrapalhado naquele momento, e ele acabou pegando uma onda mediana que correu muito na bancada e Julian pegou a de trás para arrancar a maior nota da bateria, 9,23, e ainda retornar com a prioridade, voltando para a disputa da bateria que parecia vencida.

Julian sentou com a prioridade e esperou até os três minutos finais pela melhor onda da final, para pegar um tubo excelente, que valeu 9,73 e o título da etapa com todos os méritos.

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