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Armando Daltro comenta a vitória de Adriano de Souza em Saquarema
Adriano de Souza comanda a festa brasileira em Saquarema (RJ). Foto: Luca Castro / @lucaxiz. |
Adriano de Souza é campeão! Fiquei muito feliz em ver o Mineirinho voltar a ganhar uma etapa da WSL, principalmente aqui no Brasil. Ele fez a alegria de tantos torcedores, e mais do que isso, fomentou o sonho de milhares de jovens brasileiros, e de quebra, reacendeu a chama do Brazilian Storm!
Para a minha surpresa e da maioria dos fãs, Kelly Slater na última hora desistiu de vir ao Brasil, o que fez com que o baiano Bernardo Lopes, o Bino, fosse chamado às pressas para competir na etapa.
O evento teve inicio em ondas regulares, não era o Saquarema que a maioria dos surfistas esperava, mas as ondas estavam competitivas e os melhores do mundo puderam mostrar todo o seu repertório de manobras.
No round 1, o grande destaque para mim foi Filipinho, que surfou muito forte, mostrou um repertório completo de manobras de linha e modernas. Ian Gouveia também mostrou personalidade com um surf forte de backside. Entre os gringos, Julian Wilson e Joel Parkinson, com muita linha e força, não deram chances aos seus oponentes.
Bino não conseguiu mostrar o seu melhor surf, mesmo assim, quase venceu Jordy Smith logo no round 1. A bateria foi de poucas ondas e o resultado bastante apertado. Já no round 2, Owen Wright iniciou muito bem a bateria e só administrou sua vantagem. Já Bino mostrou um certo nervosismo, perdendo a prioridade em ondas sem potencial e não conseguindo achar nenhuma onda para soltar seu surf.
Como segundo alternate, Bino deverá participar de outras etapas ainda nessa temporada.
O round 2 é o fim do evento para quem perde, acredito ser o round mais tenso de todo o campeonato. No round 1, todos querem vencer, é claro, mas no fundo sabem que terão outra oportunidade caso as coisas não deem certo.
Nesse contexto, o jovem Yago Dora iniciou sua série de vitórias sobre surfistas bem rankeados. A primeira vítima foi Kolohe Andino. Gabriel Medina, Caio Ibelli e Wiggolly Dantas surfaram muito bem e recuperaram a confiança para a fase seguinte.
No round 3, a maioria dos favoritos venceu bem, destacando-se Mineirinho, Gabriel Medina e Wiggolly. As duas exceções foram Jonh Jonh Florence, que não teve uma boa atuação e foi atropelado pelo cada vez mais confiante Yago Dora, e Filipinho Toledo, que cometeu interferência na primeira disputa de onda da bateria contra Kanoa Igarashi.
Na minha opinião, a interferência foi clara. Os dois surfistas estavam mais localizados para a esquerda, o que favoreceu Kanoa Igarashi, e mesmo Filipinho tendo sido rápido ao manusear sua prancha para fora da onda, a disputa acirrada e o leve toque ao ficarem de pé fez com que no mínimo o seu oponente perdesse a tranquilidade para surfar a onda que tinha direito.
Uma das baterias mais equilibradas de todo o evento foi o duelo entre Mineirinho, Wiggolly e Medina. Talvez essa tenha sido a bateria mais importante para Mineiro ganhar ainda mais confiança e seguir em busca do título do evento, Owen Wright e Mick Fanning também destruíram em suas baterias.
Depois de alguns dias sem boas condições, o mar reagiu e ondas de 6 pés e boa formação começaram a quebrar na bancada principal de Itaúna, proporcionando esquerdas fortes e mais longas do que nos rounds anteriores.
Na repescagem do round 5, Wiggolly Dantas, com a bateria praticamente vencida, cometeu um erro tático e deixou a prioridade nas mãos de Joel Parkinson, que não desperdiçou a única oportunidade e quebrou a onda seguinte para virar a bateria. A sensação Yago Dora acabou vencendo o duelo contra Medina, numa bateria disputada até a última onda, onde os dois surfistas utilizaram o aéreo como a manobra para impressionar os juízes.
Nas quartas de final, Mineirinho voltou a surfar muito e tornou-se favorito para levar a etapa. Yago fez mais uma vítima, dessa vez num placar apertado contra Mick Fanning. Já Adrian Buchan e Matt Wilkinson não deram chances aos seus adversários.
A grande surpresa de todo o evento foi sem dúvida a performance do brasileiro Yago Dora. O jovem catarinense mostrou a todos que está preparado para fazer estrago nas próximas etapas do QS e futuramente no CT.
A primeira semi seria o duelo dos dois melhores brasileiros no evento. Mineirinho, com muita experiência, ditou o ritmo da bateria e mostrou todo o seu surf de cavadas abertas e arcos longos para vencer a sensação Yago Dora, que não conseguiu ter uma segunda nota para encostar em Adriano. Já na semi australiana, Adrian Buschan mandou rasgadas fortes e com muito estilo para vencer com certa facilidade Matt Wilkinson.
Na grande final, Adriano ditou um bom ritmo desde as primeiras ondas e já saiu ganhando, mas no meio da bateria Adrian Buchan achou uma onda quase que perfeita e ficou ameaçando o brasileiro. Mineirinho errou na onda seguinte, mas com o seu faro de campeão, achou uma onda salvadora que rendeu 9.80 e a garantia do título da etapa com todos os méritos.