Decisão controversa

Decisão das vagas para a etapa do WT no Rio de Janeiro gera discussões nas redes sociais


A janela da etapa do WT no Rio de Janeiro ocorre entre os dias 10 e 21 de maio, porém, o evento já inicia sua repercussão em mídias e redes sociais tupiniquins por vias tortuosas: ainda não se definiu quem serão os “wildcards” para a etapa, mas é possível perceber os movimentos sutis de quem poderia querer quebrar uma tradição, retirando das mãos do campeão brasileiro de 2015 a oportunidade de disputar a gorda premiação da etapa com os tops.

Cada etapa da WSL é composta de 34 atletas que compõem o ranking, reunidos de mais dois surfistas que entram na competição na qualidade de “wildcards”. De acordo com o site da WSL, geralmente as vagas de “wildcard” são preenchidas por indicação do patrocinador da etapa; ou por uma triagem; ou ainda, pela indicação da organização do evento.

A WSL diz também que os candidatos à “wildcard” tipicamente são surfistas patrocinados por marcas envolvidas na etapa e/ou surfistas locais do pico onde será realizada a competição. No Brasil, os organizadores tem oferecido uma das vagas ao surfista de maior expressão no cenário competitivo nacional, ou seja, ao campeão brasileiro.

A tradição a qual nos referíamos acima, que reconhece o talento deste competidor e atesta a força do circuito brasileiro – um dos mais casca-grossa do mundo. É aquela coisa: a elite vem ao Brasil, vai ter que dar duro ou tomar uma dura de nosso campeão para seguir vivo na luta pelo título da etapa. Para 2016, a tradição já pode nos dar um dos nomes garantidos para a quarta etapa do tour: o baiano Bino Lopes, campeão brasileiro de surf profissional 2015. No entanto, rumores, postagens em redes / mídias sociais já sinalizam a existência de grupos operando nos bastidores para a realização de uma triagem com 16 atletas, incluindo Bino, para que o vencedor dessa triagem ganhe uma das vagas no WT, já que a outra vaga provavelmente será para o jovem Lucas Silveira, campeão mundial Pro Junior de 2015 pela WSL.

Caso tais rumores se confirmem, estaríamos dando um passo atrás na valorização de nossos atletas, de nosso cenário competitivo nacional, além de frustrar a expectativa do campeão brasileiro.

O Circuito Brasileiro de Surf Profissional é um dos mais fortes tecnicamente no mundo. O campeão deste circuito atesta sua qualidade como competidor, tendo batido um conjunto expressivo de surfistas de alto calibre, em diversas etapas, disputadas em regiões diferentes do país. Ao receber o convite para disputar uma etapa da WSL em terras brasileiras, o campeão brasileiro carrega consigo a representatividade das entidades organizadoras e gestoras do esporte no Brasil; representa o talento e a garra dos atletas que competem no cenário nacional, dando o testemunho da força deste cenário, e ainda, possibilita a valorização do próprio circuito, uma vez que todo competidor almejará além do maior título do esporte em ambiente doméstico, mas, também, disputa o circuito de olho na oportunidade de medir forças com os tops no ano seguinte, em casa e com a torcida lotando as areias brasileiras.

A garantia de uma das vagas para o campeão brasileiro de surf profissional é um ato de reconhecimento, valorização e incentivo, verdadeira aposta na continuidade do Brasil como celeiro produtor de talentos e futuros campeões mundiais.

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