Vítima do destino
Alexandre Piza relata a história de superação da fotógrafa Eliana Lopes
Talvez já tenha acontecido contigo, talvez não, mas você consegue imaginar a sensação de seus sonhos desabarem num piscar de olhos?
Foi o que aconteceu recentemente com a fotógrafa amadora Eliana Lopes (Aloha Picture).
Eliana vem desenvolvendo um projeto bacana, que envolve fotografia, arte e festas de confraternização. Elaborou sua página no Facebook e gradativamente foi ficando conhecida da galera que frequenta Stella Maris no free surf.
Lançou promoções semanais de premiação - na foto que tivesse o maior número de curtidas, o surfista levaria uma camiseta exclusiva.
Uma permutinha aqui, umas fotinhos vendidas ali, uma tripzinha da galera com cobertura fotográfica e entre trancos e barrancos, o projeto ia se solidificando.
Só que no meio de tudo isso, havia um notebook, e dentro do notebook um HD com todas as fotos. Num dia fatídico, num piscar de olhos, o village onde Eliana reside foi invadido na calada da noite e todos os arquivos do sonho foram furtados por um gatuno.
Isso mesmo, amigos, mais uma vez, a insegurança em que vivemos fez mais uma vítima, onde a perda de um bem material faz desmoronar (por um instante) um sonho, um projeto, uma energia bacana.
Decidida a encerrar a página no Facebook e sepultar de vez o sonho de gerar renda através de seu projeto, a fotógrafa consultou alguns amigos e parentes, que a acalmaram do choque inicial, e o sonho Aloha Picture continua ativo. Talvez mais calejado, talvez agora como um projeto secundário, certamente mais cauteloso com backups de arquivos, mas na certeza de que ainda encontraremos a página ativa e a expectativa em haver uma imagem nossa bacana.
Viver de qualquer coisa que seja linkada ao surf, principalmente aqui no Brasil, é muito difícil. Mil excelentes projetos surgem e minguam num piscar de olhos, seja por falta de apoio familiar, verba de patrocinadores, falta de gestão, falta de planejamento estratégico ou estudo de mercado.
O mundo do surf transcreve na realidade um famoso ditado - “na prática, a teoria é outra”. Então, é muito importante ter cuidado com as expectativas, por mais que nossa ideia e energia sejam excelentes em cima dos projetos (sonhos) que criamos. Quando se envolve investimento e retorno sobre ele, uma boa ideia só não basta. O fator sorte é importante, mas casos de sucesso que têm a sorte como vértice são isoladíssimos e, muitas vezes, acabamos nos baseando nisso para seguir em frente. Cuidado, pois a frustração pode ser maior do que o sonho.
Deixar o hobby virar renda é para poucos, então, um bom conselho é fazer essa substituição gradativamente. Tenha seu “main job” (trabalho principal, aquele mesmo que normalmente você não gosta) e, caso seu hobby comece a florescer a ponto de gerar renda suficiente, aí, sim, é hora de fazer a brincadeira ficar séria.
O assunto vai longe, quem sabe deixamos o alongamento dele para outros textos...
Bom, a câmera com os arquivos remanescentes sobreviveu e, por coincidência, foram as fotos do evento que rolou no Lôro de Stella (Lôro Surf Festival 2016). Confiram a galeria.