Rei dos reis

Fabricio Fernandes presta homenagem a Kelly Slater, o maior surfista de todos os tempos


Há três dias, o maior atleta de todos os tempos, o norte-americano Robert Kelly Slater, fez 42 anos. Desses, 22 deles dominando o circuito mundial de surf e ditando os rumos do esporte.

Ano passado no WCT Rio, tive o privilégio de entrevista-lo, mas sinceramente, foi algo tão inusitado, que não soube muito o que falar. Conversamos um pouco sobre o mar, seus tubos impossíveis e as expectativas do título mundial. Sempre solícito e de bom humor, ele respondeu todas as perguntas pacientemente, mas se fosse hoje, acho que não faria uma entrevista, e sim uma homenagem pelo exemplo de pessoa e atleta. Enquanto muitos ídolos destroem suas vidas com drogas e álcool, Kelly nos demonstra como um verdadeiro campeão deve agir, sendo íntegro, profissional e atendendo os seus fãs.

Lembro do início da sua carreira, quando no primeiro ano de circuito, o garoto de 20 anos foi coroado como o mais jovem campeão mundial e que também fez uma final histórica em Bells Beach contra o ultra radical Martin Potter, demonstrando a todos que o bastão havia mudado de mãos.

Quantos momentos fantásticos como amante do surf e escritor acompanhei de sua carreira?

O ápice em 1995 com o título da Tríplice Coroa, do Pipemaster com quatro notas 10, a clássica semi final contra seu amigo Rob Machado e a final que cravava a incrível volta de Occy ao circuito, coroando o título mundial tido como impossível.

As sete vitórias no Pipemaster, as três em Fiji e Teahupoo, no histórico campeonato de G-Land. As incríveis viradas nas finais em cima de Andy Irons em Jeffrey´s Bay, Taj Burrow na França e Bede Durbidge em Bells, dentre tantas outras, como a semi final do Pipemaster contra Occy em 99 e a mais impressionante de todas, em Teahupoo contra Bruce Irons em 2004.

E para não restar dúvidas do surfista completo, usando suas palavras, o título mais importante da sua carreira, o Eddie Aikau em Waimea Bay.

Lembro em 2002, quando Teco Padaratz escreveu que estávamos nos preparando para nos despedirmos de você. E como nós torcedores do surf agradecemos por Teco estar errado.

Acompanhei toda a sua carreira, todos os seus 11 títulos mundiais e a impressionante marca de 54 vitórias na primeira divisão do surf, mas os momentos mais marcantes que tenho memória, foram nas areias da Barra, no ano passado com seus incríveis tubos, e no Barradoor em 1997, assistindo ao vivo aquela que ficou conhecida como a melhor onda surfada em campeonatos no Brasil. Um tubo profundo com oito pés para direita, impossível de ser completado por qualquer mortal, mas você saiu com a baforada, fazendo a praia toda levantar e gritar como um gol no Maracanã lotado, e ainda não contente, emendou um floater em um buraco inacreditável, que nem os fotógrafos acreditaram que seria possível completar, tanto que as revistas especializadas para terem a sequência completa, precisaram das fotos de três fotógrafos, algo que jamais esquecerei.

Não poderia deixar de dizer como brasileiro, os momentos que mais vibrei em sua carreira foram derrotas suas para meus compatriotas. As finais em Hossegor contra Teco, em Super Tubos contra Mineiro, no Brasil contra Jadson, contra Medina por duas vezes na Europa, no começo da sua carreira contra Fábio Gouveia e principalmente contra o meu amigo Armando Daltro em 2000.

Slater escreveu seu nome como o maior atleta de todos os tempos e com a recente vitória no WQS em Pipeline clássico e com 12 pés, não resta dúvidas, sua dinastia ainda está longe de acabar.

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