A vida que eu queria

Fabrício Fernandes escreve sobre o free surfer carioca Gabriel Pastori


Plagiei o nome do programa de Marcelo Trekinho para falar de outro surfista que também vive a vida que nós queríamos: Gabriel Pastori.

Desde que vim morar no Rio, comecei a surfar no Posto 9 do Recreio por ser perto da minha casa e também por ser uma onda power, bem buraco, tanto que nos dias clássicos é chamada de Pipenine devido à força e largura dos seus tubos. E foi no Pipenine que conheci Gabriel Pastori.

O mar tinha 1,5 metro com altas esquerdas rodando e soltando lindas baforadas. Quando cheguei ao pico com a minha RM 6'1 round, louco para cair na água, vi um cara fazer um tubo de frontside, saindo seco e com muito estilo do canudo.

Quando perguntei a um amigo quem era aquele cara, ele me disse Gabriel Pastori, que sempre surfa aqui.

Claro que entrei no mar para pegar onda, mas não deixava de reparar nas ondas de Pastori. Não só nos seus tubos, mas na sua linha harmoniosa com a onda com arcos estilo Joel Parkinson e um vasto repertório de manobras muito bonito de se ver. Cada onda de Gabriel era um verdadeiro show: batidas, cutbacks, reentries e muitos aéreos faziam com que nós, além de curtirmos nossas ondas, pudéssemos apreciar o espetáculo.

E o que era melhor: Pastori se mostrou um exemplo de comportamento. Tranquilo, ele esperava suas ondas sem alarde ou dar voltas nos outros que não surfavam tanto quanto ele, muito pelo contrário, muitas vezes ele incentivava as pessoas a ir nas ondas, o que posso afirmar porque já ocorreu comigo várias vezes.

Gabriel já rodou o mundo surfando, entre América do Sul, Indonésia e Hawaii. Já pegou altas ondas e na semana passada estreou a nova temporada do programa Custo Zero, do canal Off, todo rodado na Indonésia.

Pastori, patrocinado pela Body Glove, compete apenas quando quer, vivendo apenas no free surf, sempre puxando os limites. E falando de limites, ele levou esses ao extremo entrando para o seleto hall daqueles que surfam Jaws na remada.

Descobri isso não porque ele me contou, mas porque vi sua foto em um drop mais do que vertical em uma massa de água em Pe'ahi, que nem ouso dizer o tamanho. Fiquei por muito tempo admirando aquela foto imaginando a descarga de adrenalina e prazer de um momento daqueles. É preciso muita atitude, coragem e técnica para isso.

Confesso sinceramente que não sei se teria essa coragem, mas afirmo com certeza que, enquanto muitos de nós vivem o dia a dia de um trânsito infernal e passam a maior parte do dia em um escritório sem ver o Sol, Gabriel Pastori leva a vida que eu queria!

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