
Páginas de sonhos
Em tom nostálgico, Bernardo Mussi escreve sobre as revistas de surf do Brasil
Por: Bernardo Mussi
Lembro-me com muito prazer das coisas que mais me instigaram a começar no surf, já no final da década de 70.
Além do contato com o mar, da admiração pela natureza e de uma grande atração pela irreverência da juventude daquela época, foi através das fotos das raras revistas de surf que eu me apeguei ao destino de me tornar um surfista.
O ano era de 1976, e eu, com apenas 10 anos de idade, já viajava nas fotos que conseguia das revistas Pop, de variedades jovens, e da primeira revista brasileira de surf, a Brasil Surf.
Eram imagens que me lançavam para um mundo ainda cheio de mistérios e desafios, criando em meu subconsciente a atmosfera perfeita para me fazer descobrir o caminho certo para iniciar no esporte.
Em 1977, com 11 anos, finalmente materializei o sonho de ficar em pé em uma prancha de surfe de isopor para, definitivamente, me aproximar daquele mundo espetacular que eu cultivava com tanto amor.
A parede do meu quarto era o reflexo dessa minha paixão. Eu recortava as fotos que achava mais alucinantes e colava bem na frente da minha cama.
Na hora de dormir, eu ficava olhando, viajando, até me envolver completamente em sonhos super emocionantes. Nascia ali o surfista Bernardo Mussi, o autor deste humilde relato.
Em 1980, eu já tinha três anos de surf e 14 de idade. A Brasil Surf saía de cena para dar espaço a uma nova leva de revistas e jornais especializados que construíram definitivamente as bases do surf profissional em todas as suas áreas.
O sonho de ganhar dinheiro trabalhando no esporte já era uma realidade para poucos aventureiros. De uma atividade meramente amadora e descompromissada, o surf caminhava para se tornar, nos anos 90, um esporte que movimentava milhões de dólares ao redor do mundo.
As revistas especializadas foram fundamentais para o crescimento do surf como uma grande potência esportiva e de mercado.
Empresas, atletas, produtos, eventos, estilo de vida, turismo, meio ambiente e tantos outros segmentos se beneficiaram destes veículos ao se projetarem em uma linguagem textual e de imagem super atraente.
Por isso sou fã dos idealizadores, editores e produtores de revistas como Fluir, Visual, Hardcore, Inside, Trip, Swell, Expresso, The Surfpress, Alma Surf, entre outras, além dos jornais especializados como Now, Qual o lance e Taking.
Não saberia listar aqui todos os veículos que fizeram e ainda fazem a alegria do segmento, tanto a nível nacional como internacional.
Fato é que sou admirador ferrenho de suas equipes e da capacidade que possuem de levar o surf a milhões de pessoas, e vice-versa.
Ressalte-se que, na época da Brasil Surf, quando nem imaginávamos a notícia da existência do celular e do computador, tudo era muito mais romântico.
Aquela geração estava descobrindo seus instintos naturalmente sem a enxurrada de informações e facilidades que temos hoje.
Bali, Macumba, Itacaré e Fernando de Noronha estavam sendo descobertos. A previsão das condições do mar exigia alguns anos de experiência no surf, muita sensibilidade com as condições do clima, lua e marés, além de uma boa dose de sorte.
As monoquilhas limitavam performances mais agressivas e o estilo do surfista era algo super importante, quase mágico.
Os ídolos daquele tempo não eram apenas os campeões das raríssimas competições, porém, aqueles que se destacavam pela maneira de se expressar sobre suas pranchas e por seus comportamentos fora d’água.
E as revistas brasileiras de surf reservavam muito mais espaço para picos e surfistas locais sem compromisso com patrocinadores do que em relação aos dias atuais.
Sinto saudades. Olho para trás e vejo que sou um cara privilegiado por ter vivido intensamente uma época interessante da história do surf.
Não diria melhor que os dias atuais, mas diferente, já que acredito que na cabeça dos jovens surfistas de hoje uma explosão de sentimentos igualmente instigantes aflora com o mesmo entusiasmo.
Aos 45 anos de idade e 33 dedicados ao mundo das pranchas, continuo me esforçando para mirar o futuro com a mesma juventude dos tempos em que dormia vidrado nas fotos de surf da parede do meu quarto.
Não quero deixar de sonhar com as ondas e os lugares paradisíacos que vejo com muito mais facilidade nas inúmeras revistas de surf que estão por aí.
Agradeço humildemente às revistas de surf por terem me lançado neste mundo especial. Valeu Brasil Surf, valeu Pop e todas as outras que as sucederam…
Bernardo Mussi é blogueiro, colaborador e patrocinador da parceria EasyDrop com a “Punho Forte".
Além do contato com o mar, da admiração pela natureza e de uma grande atração pela irreverência da juventude daquela época, foi através das fotos das raras revistas de surf que eu me apeguei ao destino de me tornar um surfista.
O ano era de 1976, e eu, com apenas 10 anos de idade, já viajava nas fotos que conseguia das revistas Pop, de variedades jovens, e da primeira revista brasileira de surf, a Brasil Surf.
Eram imagens que me lançavam para um mundo ainda cheio de mistérios e desafios, criando em meu subconsciente a atmosfera perfeita para me fazer descobrir o caminho certo para iniciar no esporte.
Em 1977, com 11 anos, finalmente materializei o sonho de ficar em pé em uma prancha de surfe de isopor para, definitivamente, me aproximar daquele mundo espetacular que eu cultivava com tanto amor.
A parede do meu quarto era o reflexo dessa minha paixão. Eu recortava as fotos que achava mais alucinantes e colava bem na frente da minha cama.
Na hora de dormir, eu ficava olhando, viajando, até me envolver completamente em sonhos super emocionantes. Nascia ali o surfista Bernardo Mussi, o autor deste humilde relato.
Em 1980, eu já tinha três anos de surf e 14 de idade. A Brasil Surf saía de cena para dar espaço a uma nova leva de revistas e jornais especializados que construíram definitivamente as bases do surf profissional em todas as suas áreas.
O sonho de ganhar dinheiro trabalhando no esporte já era uma realidade para poucos aventureiros. De uma atividade meramente amadora e descompromissada, o surf caminhava para se tornar, nos anos 90, um esporte que movimentava milhões de dólares ao redor do mundo.
As revistas especializadas foram fundamentais para o crescimento do surf como uma grande potência esportiva e de mercado.
Empresas, atletas, produtos, eventos, estilo de vida, turismo, meio ambiente e tantos outros segmentos se beneficiaram destes veículos ao se projetarem em uma linguagem textual e de imagem super atraente.
Por isso sou fã dos idealizadores, editores e produtores de revistas como Fluir, Visual, Hardcore, Inside, Trip, Swell, Expresso, The Surfpress, Alma Surf, entre outras, além dos jornais especializados como Now, Qual o lance e Taking.
Não saberia listar aqui todos os veículos que fizeram e ainda fazem a alegria do segmento, tanto a nível nacional como internacional.
Fato é que sou admirador ferrenho de suas equipes e da capacidade que possuem de levar o surf a milhões de pessoas, e vice-versa.
Ressalte-se que, na época da Brasil Surf, quando nem imaginávamos a notícia da existência do celular e do computador, tudo era muito mais romântico.
Aquela geração estava descobrindo seus instintos naturalmente sem a enxurrada de informações e facilidades que temos hoje.
Bali, Macumba, Itacaré e Fernando de Noronha estavam sendo descobertos. A previsão das condições do mar exigia alguns anos de experiência no surf, muita sensibilidade com as condições do clima, lua e marés, além de uma boa dose de sorte.
As monoquilhas limitavam performances mais agressivas e o estilo do surfista era algo super importante, quase mágico.
Os ídolos daquele tempo não eram apenas os campeões das raríssimas competições, porém, aqueles que se destacavam pela maneira de se expressar sobre suas pranchas e por seus comportamentos fora d’água.
E as revistas brasileiras de surf reservavam muito mais espaço para picos e surfistas locais sem compromisso com patrocinadores do que em relação aos dias atuais.
Sinto saudades. Olho para trás e vejo que sou um cara privilegiado por ter vivido intensamente uma época interessante da história do surf.
Não diria melhor que os dias atuais, mas diferente, já que acredito que na cabeça dos jovens surfistas de hoje uma explosão de sentimentos igualmente instigantes aflora com o mesmo entusiasmo.
Aos 45 anos de idade e 33 dedicados ao mundo das pranchas, continuo me esforçando para mirar o futuro com a mesma juventude dos tempos em que dormia vidrado nas fotos de surf da parede do meu quarto.
Não quero deixar de sonhar com as ondas e os lugares paradisíacos que vejo com muito mais facilidade nas inúmeras revistas de surf que estão por aí.
Agradeço humildemente às revistas de surf por terem me lançado neste mundo especial. Valeu Brasil Surf, valeu Pop e todas as outras que as sucederam…
Bernardo Mussi é blogueiro, colaborador e patrocinador da parceria EasyDrop com a “Punho Forte".
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