Viciado em adrenalina

Fabrício Fernandes comenta sua paixão e adrenalina pelos esportes radicais


Segundo uma teoria antiga, tudo que termina com "ina" vicia! Cocaína, anfetamina, cafeína, menina e adrenalina.

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Como graças a Deus nunca gostei de nenhuma das três primeiras e há quase cinco anos encontrei a minha menina, então a minha busca atual é por adrenalina!

Mais ou menos em 1987 comecei a surfar, mas não levava muito a sério por na época ser muito gordo e não ter nenhum preparo físico.

Um ano e meio depois por esses motivos resolvi correr e perder peso. E aquela sensação tanto depois do surf, quanto da corrida, era algo que eu queria cada vez mais, todos os dias!

Mas foi em 1994 que a minha vida mudou. Na Chapada Diamantina conheci um paulista chamado Vitor que tinha ido de São Paulo para Lençóis, na Bahia, de bicicleta e só com duas mudas de roupas e um travesseiro!

Fizemos a trilha da cachoeira da fumaça por cima e por baixo e um off road juntos. Ele me falou sobre a viagem que tinha feito para surfar no Peru, do voo duplo de asa-delta, pára-quedismo, rapel e rafting.

Quando voltei para casa decidi que iria conhecer todos esses esportes de aventura. Fiz um planejamento durante algum tempo, juntando dinheiro e contatei o meu primo carioca, Erik, que tinha o mesmo espírito aventureiro.

Foi então que em maio de 96 tirei férias e junto com Erik, viajei de Fortaleza até São Paulo de carro, parando em todas as praias que apresentavam alguma condição de surf e abrindo espaço para todo tipo de esportes radicais.

Como Erik não surfava, muitas vezes caí em picos desertos sozinho. E em outros fiz boas amizades. Ponta Negra em Natal, Francês em Maceió; Maracaípe, Serrambi em Recife; Siribinha, Massarandupió, Subaúma e Imbassaí na Linha verde; em casa, em Salvador, surfei na Praia do Forte e Ipitanga.

Depois de Salvador, pegamos o ferry boat e fomos direto para Ilhéus e Itacaré, parando apenas no meio do caminho para um banho na cachoeira da Pancada Grande, que é um lugar alucinante. Em Ilhéus e Itacaré peguei altas ondas em Batuba, Backdoor, Serra Grande, Engenhoca, Jeribucaçu e Tiririca. E ainda tive a chance de meditar em um lugar que nos tempos de hoje ainda é incrivelmente deserto, a Lagoa Encantada, com sua beleza quase intocada e cachoeiras de águas muito limpas!

Não achei muitas ondas em Guarapari, Espírito Santo e fomos direto a cidade maravilhosa. Que apesar de tudo que falam da violência, ainda é o paraíso dos esportes de aventura. Além de altas ondas em picos como Arpoador, Meio da Barra, Recreio, Prainha e Grumari. Foi lá que mergulhamos de cabeça em diversas modalidades esportivas e Erik pode finalmente interagir comigo dividindo a adrenalina, porque nas outras cidades não praticamos tanto.

Fizemos alguns passeios de bugre nas dunas de Cumbuco, em Fortaleza, Genipabu, em Natal e Mangue Seco na Bahia. Também andamos de quadriculo em Cumbuco, andamos de Imbassaí a Guarajuba e fizemos sandboard nas dunas de Stella Maris (Salvador), mas a adrenalina estava mesmo no Rio de Janeiro!

Fizemos voo duplo de asa-delta na Pedra Bonita, rapel, rafting e trilhas dos órgãos entre Petrópolis e Teresópolis. Off Road e muita trilha com cachoeiras e paisagens surreais em Mauá, e o ápice foi o salto duplo de pára-quedas a 15 mil pés em Rezende. Fiquei tão apaixonado que resolvi fazer o curso em Itaparica e junto com o surf foi a experiência mais fantástica que tive na vida. A velocidade terminal, a liberdade de voar. Só é comparado aquele drop animal em uma onda grande! 

Ainda peguei altas ondas em Saquarema (Itaúna 8 pés, e Vila), Búzios (Jeribá e Brava), Trindade e Ubatuba (Praia Grande e Itamambuca).

Depois dessa viagem que durou dois meses, nunca mais fui o mesmo. Me apaixonei de verdade pelo surf, pelas ondas grandes, voltei a andar de skate, entrei em um grupo de rapel, fiz tirolesa, bungee jump, curso de mergulho, comprei uma prancha de sandboard, uma mountain bike. Comecei a participar de meias maratonas e travessias de natação, e há poucos dias comecei a fazer aulas de kitesurf. Tudo em busca de mais e mais adrenalina!

Ainda tenho uma infinidade de ondas para descobrir, lugares para conhecer, novos esportes para praticar e pessoas para fazer amizade!

Ano que vem faço 40 anos, e um certo português chamado Gonçalo Cadille (surfista que correu o mundo ao fazer 40 anos atrás das direitas mais perfeitas) me inspirou a buscar novas aventuras comemorando essa data atrás não só de direitas, mas de ondas solitárias e de lugares onde possa saltar cada vez mais alto!


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