Os segredos do WQS

Fabrício Fernandes relata mudanças na ASP


Acabou a etapa prime de Sunset e os nomes dos guerreiros classificados para o WCT como sempre, têm pouquíssimas mudanças.

Para nós, brasileiros, apesar de Mineirinho estar trazendo muitas alegrias, ter quatro (a entrada de Neco foi uma grata surpresa) competidores no circuito é algo muito frustrante.

Fazendo uma rápida análise do ranking, pude perceber que alguns não se classificaram talvez porque faltou um pouco de gás ou grana para competir em mais etapas!

Por exemplo, Pigmeu e Dornelles ficaram a apenas 25 e 120 pontos, respectivamente, da classificação. Como tinham como piores resultados 1225 e 1181 pontos, se chegassem a uma vitória ou vice em um 4 estrelas, teriam se classificado, ou mesmo às quartas-de-final de um evento 5 estrelas.

Alguns surfistas tiveram como pior resultado em torno 800 e 1000 pontos, pontuação que também poderia ser facilmente substituida com um excelente resultado em uma etapa 4 estrelas.

Então, a pergunta é: Por que esses surfistas não correram todas as etapas do circuito? Com certeza essa deve ser a pergunta que muitos que ficaram tão próximos da zona de classificação estão se fazendo.

O ano de 2010 vem recheado de mudanças com a unificação dos rankings WCT e WQS e a perna brasileira com onze etapas, sendo oito 6 estrelas com um deles prime, dois cinco estrelas, um 4 estrelas e mais um cinco estrelas aqui pertinho no Chile.

Como contam apenas os sete melhores resultados, sendo que em cada região pode-se contabilizar quatro resultados, mesmo aqueles com dificuldades financeiras podem ter a chance de quase garantir a classificação em casa, conseguindo quatro bons resultados no Brasil e quem sabe mais um no Chile, ficariam apenas mais dois com custos e despesas maiores.
 
Com o ranking unificado, depois da quinta etapa do WCT ficarão apenas os Top 32 e o seeding do ranking irá mudar a cada etapa, então alguém que esteja no gás, tenha talento e saiba aproveitar as etapas de início do ano que não são muito concorridas, poderá atingir a pontuação e correr o grand slam (WCT) ainda neste mesmo ano. Alavancando assim em muito as chances de patrocínios e uma subida meteórica na carreira.

É claro que conquistar uma das quinze vagas do WQS em um universo de milhares de surfistas ultra talentosos não é nada fácil, mas a probabilidade nos diz que quanto mais campeonatos se corre, maiores são as chances de se dar bem e subir no ranking. Além de usar também a esperteza.

Em determinadas épocas do ano, coincidem dois 6 estrelas ao mesmo tempo. Por exemplo, em 2009 tinha um em Portugal e outro na África. A estatística mostra que a maioria dos surfistas bem rankeados vão para África. O mesmo ocorreu em julho com o Guarujá, Brasil e Huntington Beach, Califórnia.

Fica óbvio então que o melhor é ir para onde tem menos surfistas famosos, o que com certeza fará as chances aumentarem. É claro que sempre é importante verificar quais 6 estrelas serão primes, pois os 1000 pontos a mais podem fazer a diferença.

Outra boa dica é analisar a quantidade de surfistas e fazendo a matemática se escrever em dois campeonatos ao mesmo tempo, porque se você perde de cara em um, dependendo da quantidade de surfistas, da distância entre os países e do fuso horário, ainda dá tempo de chegar no outro campeonato e quem sabe neste a sorte mude.

Atletas com talentos fenomenais encontramos em cada esquina. Mas quantos realmente se dedicam e se esforçam para vencer?

Até os eventos de 1 a 3 estrelas que não choquem com os de maiores pontuação e são realizados em ondas boas como Pipeline, por exemplo, devem ser encarados como treinos importantes para os atletas mais experientes. E para os que estão iniciando como oportunidade de começar a pontuar e figurar no ranking.

Quem quer mesmo se classificar tem que correr tudo! Aí entra a principal questão que ainda não abordei. Um bom patrocinador que acredite no atleta e apoie a empreitada investindo a verba necessária e apostando no retorno desse investimento.

Com certeza algo que está muito difícil nos dias de hoje, mas quem almeja o sonho do WCT tem que se dedicar integralmente a isso. Não pode pensar em família, lazer ou descanso. Tem que malhar muito, treinar muito, comer bem, dormir cedo, ter preparo psicológico, manter-se longe de drogas, álcool e é claro, ter estrela, porque só talento não é suficiente.


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