O ano de 2008 foi um ano bem atípico porque, apesar da inconstância dos swells daqui de Salvador, tivemos um período até o início do mês de junho em que entraram algumas ondulações razoáveis de até 10 pés.

Peguei alguns dias que até hoje fico olhando as fotos com cara de bobo e confesso que fiquei até me sentindo o tal! Foi aí que me perguntei se eu era um big rider.

E de repente me vieram à mente as ondas monstras que Márcio Freire dropou em Jaws na remada, Danilo Couto em Maverick´s e Zicatella gigantes, Maya Gabeira em Waimea e Shane Dorian em Teahupoo.

Aquilo me deu uma certa náusea e logo percebi que eu estava muito longe de ser um domador de montanhas aquáticas.

Mark Foo, um dos grandes nomes do big surf havaiano nos anos 80 / 90, dizia que para sentir a emoção máxima você tem que estar preparado para pagar o preço máximo.

Ninguém deu real importância ao que ele falou até a sua morte por afogamento em Maverick´s. Depois vieram o Donnie Sollomon em Waimea, Tood Cheeser em Alligators e Malik Joyeux em Pipeline, em uma lista de muitos que perderam suas vidas em busca da emoção máxima.

Ao ver um super atleta como Laird Hamilton falar que quer se condicionar mais, buscar novas técnicas e novos equipamentos para caçar a onda de 100 pés e estar pronto para dropá-la quando ela aparecer, realmente sinto um embrulho no estômago só de pensar.

Ser um big rider exige muito mais que uns drops de 10 pés. Exige preparo físico, psicológico... Saber trabalhar em equipe, técnicas de salvamento, muito conhecimento do mar e acima de tudo coragem, porque a possibilidade de você não voltar para casa é real!

Na verdade, muitas vezes não é só o tamanho que preocupa. A onda em si é uma combinação de vários fatores. Você pode pegar uma onda mais cheia em Bell´s com 20 pés que não vai te dar tanto medo. Já em Teahupoo ou Pipeline, acima de 6 pés, pode te dar um terrível mal estar e vontade de voltar para casa.

Já imaginou Shispstern Blluf e Ghost Trees acima de 50, 60 pés?

Quem é big rider? Eu é que não sou!