Danilo em alta na Fluir

Big rider Danilo Couto é destaque na edição de janeiro da revista Fluir


O baiano Danilo Couto é um dos destaques da edição de janeiro da revista Fluir. No início de dezembro, Couto e seu parceiro carioca Rodrigo Resende encararam um swell monstruoso no Hemisfério Norte.

Numa perseguição intensa ao swell, Couto conseguiu a proeza de surfar ondas gigantes no Hawaii, Califórnia e México em menos de 72 horas. A caça às morras começou no dia 3 de dezembro, com o baiano botando pra baixo em ondas acima de 15 pés em Waimea Bay, Hawaii.

No dia seguinte, Couto e Rodrigo Resende encararam Mavericks, Califórnia, com ondas de 30 pés e muita neblina. A dupla chegou a ficar sozinha no outside durante boa parte do tempo, mesmo a com a visibilidade bastante prejudicada pela forte névoa.
 
Um momento dramático marcou a session em Mavs. Enquanto descansava no canal, Danilo viu Rodrigo e o lendário Jeff Clark (pioneiro em Mavericks) serem tragados por uma série de 35 pés, com jet-ski e tudo. No meio da grande área de espuma branca, Danilo avistou Jeff meio desacordado e conseguiu tirá-lo da zona de perigo.

Com o canal fechado, Rodrigo continuava desaparecido, mas apareceu alguns instantes depois, após tomar toda a série na cabeça. Muito abalado e com as energias esgotadas, Resende foi resgatado por Danilo Couto, que ainda conseguiu recuperar intacto o jet-ski engolido pelas morras. Sempre disposta a botar pra baixo, a dupla fez mais um surf no fim da tarde.
 
À noite, Rodrigo, Danilo e o fotógrafo Fred Pompermayer dirigiram até Baja Califórnia, México, onde fica a baía de Todos Santos. Na manhã seguinte, o trio teve a difícil missão de conseguir um barco na cidade de Ensenada para embarcar até Todos Santos. O texto de Kiko Carvalho, editor executivo da Fluir, destaca mais uma atitude fantástica do baiano.

"No porto, começa a delicada missão de conseguir um barco para sair em direção ao mar revolto. Danilo encontra o amigo californiano Greg Russ, surfista muito respeitado no North Shore de Oahu, que está com alguns representantes da Federação Mexicana de Surf. Eles já estão com o barco acertado e oferecem algum lugar para os brasileiros. A movimentação não pára e todos correm para colocar os equipamentos nos barcos", escreve Kiko.

"Chega a má notícia de que ninguém pode deixar o porto. Os capitães se reúnem e começam a negociar com as autoridades do porto. As autoridades temem pela vida dos tripulantes e exigem que todos assinem termos de responsabilidade. Mesmo com esses documentos a coisa não desenrola. Até que chega a proibição definitva e um grande barco da Marinha estaciona na saída do porto", continua o editor.

"A notícia não é um balde, mas sim um oceano de água fria e todos entram em desespero. Danilo Couto assume a linha de frente e dá um jeito de chegar no gerente geral do porto. O brasileiro entra no escritório descalço e é recebido pelo mexicano, que, com aparência de ser bem conversador, está sentado bem abaixo de um grande retrato do presidente do país na parede. O bom baiano, com sua fala mansa, aposta no poder da palavra e vai dizendo que é surfista profissional do Brasil; que sustenta a família com isso; que é amigo do Coco Nogales, maior surfista de ondas grandes do México; que é um dia histórico; que os capitães do barco iriam perder muito dinheiro, pois para sair naquelas condições todos estavam recebendo muito além do normal; que é baiano; que calça 42; que gosta de ovos mexidos no café da manhã... O mexicanão é convencido e pede uma listagem de todos os que iriam para o mar. Danilo sai correndo desesperado e organiza um "senso" para descobrir as informações necessárias. Com a lista em mãos, o gerente geral libera, desde que os barcos sigam em comboio. Todos gritam de felicidade e embarcam rapidamente", escreve Kiko.

"Na saída da baía, acontece uma cena de filme. Um navio da Marinha impede a passagem com as armas apontadas para os barcos. Danilo, que está na primeira embarcação, gesticula para o militar, pedindo a ele que passasse um rádio para a gerência do porto. Não há coletes salva-vidas para todos e rapidamente alguns se escondem onde podem. Os militares checam a papelada, seguram os barcos um pouco, mas acabam liberando", continua.

Depois de tanta confusão, finalmente os surfistas chegaram ao pico. A session foi repleta de adrenalina, com muitos surfistas saindo da água sem pegar uma onda sequer. As morras atingiam 30 pés nas séries e todos surfaram na remada.

Emocionado por ter encarado o mesmo swell no Hawaii, Califórnia e México, a "Tríplice Coroa do big surf", como Danilo mesmo diz, o baiano dedicou o feito a Mark Foo, que também tentou a Tríplice, mas morreu em Mavericks, na metade do caminho.

Fonte Fluir
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