Bahia de Guanabara
Pablo Dominguez escreve sobre o amigo e soul surfer baiano Diego Guanabara
Conheço o Diego desde guri, filho de Zézito e Cassinha, nossas famílias sempre foram muito próximas. Tenho um monte de lembranças da gente crianças, muitos dias ensolarados e festas de São João na cidade de Valença.
Noise rider ansiosamente relax, soul surfer, vibe boa, curvas redondas e muito pé no bico. Diego Guanabara, 35 anos, C6 fraturada e duas hérnias de disco. Meses apenas sentindo o cheiro da maresia.
Faculdades trancadas, cervas, weeds e muitas, mas muitas noites de rock ao som de Jonny Way.
Passou o perrengue da vida em um dia de ondas grandes em Uluwatu, em Bali. Depois de uma série imensa em um dos maiores swells de 2017, Diego perdeu seu longboard e lutou com todas as forças para enfrentar a correnteza absurda, nadando até a enseada da praia de Padang, onde foi resgatado por um surfista local.
Em um áudio pelo Whatsapp naquele mesmo dia me disse:
“Nunca estive tão perto de Deus! E sem ele, ali do meu lado, eu nunca teria superado aqueles minutos aterrorizantes”, desabafou.
Hoje, quando vejo Diego deslizando com seu long pelas ondas daqui, eu sei de onde vem seu flow. Flávio China, tio de Diego e excelente surfista da nossa região, foi um dos heróis da minha infância .
Falecido em um acidente de moto, Flávinho surfava com maestria as ondas do Guaibim com seu estilo bonito e cutbacks redondos. A despedida de “China” é a imagem mais triste e bonita que ainda tenho.
Toda comunidade do surfe de Valença caminhando pelas ruas da cidade com suas pranchas sob o braço, em abraços, em uma tarde de domingo do verão de 92.
Hoje
Sábado, 21 de julho de 2018, BB’s Point. É demais dividir o outside com Diego. Na vida e no mar, ele transpira o que mais admiro em um surfista de alma.
O Presente.
*Pablo Dominguez é cantor, compositor e free surfer baiano.