Tubos profundos
Lapo Coutinho se aventura nos longos tubos de Skeleton Bay, na África
Foi uma surf trip animal, estava planejando conhecer esse pico há dois anos e sempre que rolava o swell eu não conseguia ir, seja devido a outras viagens ou falta de grana no momento. Finalmente, ano passado consegui conectar tudo e em junho embarquei para Namíbia, na África.
Encontrei com um amigo sul-africano chamado Alan Van Gysen, o peruano Jonathan Gubbins e o americano Alex Gray, que foram meus parceiros de surf. Demos sorte de dois swells grandes encaixarem na mesma semana para Namíbia, o que é bem raro. Foi um dos lugares mais inóspitos que eu já fui. Deserto, frio, menos de 10 graus todo dia e uma neblina sinistra que impedia a gente de filmar, assistir o surf e até chegar na praia nos dias mais intensos. Ainda bem que em alguns momentos a neblina passava e permitia que os filmmakers e fotógrafos entrassem em ação.
Conseguimos fazer os registros, mas as melhores ondas estão na mente e registradas para sempre. Os tubos mais longos da minha vida. A onda é tão longa, que você perde de vista todos que estão na praia, e muitas vezes a melhor sessão da onda aparece do nada, quando você menos espera e pega um tubo de 15 segundos sem ninguém para assistir ou para comemorar com você.
Os melhores momentos que passei, olhava para beira e sentia uma sensação muito diferente, de não ver ninguém, só você no meio do deserto e os tubos mais longos que já vi quebrando.
Os dois swells foram maiores que 4 metros e a diferença foi que o segundo foi mais de sul, deixando a onda mais buraco e nervosa, porém também menos constante.
O pico é cheio de tubarões, conhecido pela pesca dos bichos, sinistro. E cheio de focas também, mas na hora, quando você vê a onda, esquece essas informações e só pensa nos tubos.