O que faz um lugar ser classificado como mágico? Afinal, muitas são as vezes em que vemos as pessoas utilizando-se dessa expressão para qualificar os seus sentimentos por um lugar, seja ele um país, uma ilha, ou mesmo uma pequena localidade. A mágica está naquilo que não conseguimos explicar, a mágica está na emoção, está na arte, está nos sentimentos de surpresa e de exclamação.

Para os surfistas, existem aquelas praias que são mágicas. O Farol de Itapuã, para mim, é uma delas. Sem querer acirrar qualquer bairrismo ou localismo, já que cada surfista tem sua praia preferida, mas o Farol é o Farol. Primeiro que quebra raras vezes ao ano. É preciso ter uma ondulação forte, com mais de 1,5m e na direção correta. É possível passar um ano inteiro sem ondulação surfável no Farol.

Segundo, pela adrenalina que envolve o surf naquele pico. É praticamente uma unânimidade entre quem surfa lá, que se trata de um dos picos mais adrenalizantes de Salvador. O raso fundo de pedra, recheado de pinaúna, as correntezas e a força das ondas dão o tom do surf no local. O conselho para quem vai entrar é: se prepare para sair! Quem passa a arrebentação e chega ao lineup rapidamente, irá descobrir que não há uma porta de saída fácil. Terá que reservar uma boa dose de energia para a remada da saída, brigando para não ser tragado pelas cabeças de pedra e pelas pinaúnas magnéticas que atraem pranchas e pés dos desavisados.

E ainda tem as surpresas! Sei que muita gente já viu peixes grandes, tartarugas, cações, golfinhos ou mesmo tubarões surfando em Salvador. Mas quem já viu um cachorro surgir no outside em um dia storm? Pois é, no Farol aconteceu. Até hoje não conseguimos explicar de onde veio, mas foi Heloy Jr. quem resgatou o desesperado náufrago canino e o levou para terra.

Quando a onda quebra perfeita no Farol, bem, aí não dá para descrever. É mágica!

Este ano, um swell mágico apareceu em novembro, para alegria de muitos fissurados.