Samurai baiano

Confira entrevista exclusiva com o shaper e árbitro baiano Takyto Adachi


Takyto Adachi é um dos personagens marcantes na história do surfe baiano. De competidor profissional a shaper e árbitro de surf, Takyto e seu irmão Márcio Adachi (falecido num acidente de carro no Japão) abriram portas e foram os pioneiros no exterior, quando viveram como surfistas profissionais no Japão. Batemos uma papo descontraído com o "japonês baiano" para saber um pouco mais de sua trajetória e vida.

SurfBahia - Como foi o seu primeiro contato com o surfe?

Takyto Adachi - Meu primeiro contato com o surfe foi na praia de Itacimirim, no litoral norte da Bahia. Meus pais iam pescar e eu ia surfar com meu irmão (Márcio Adachi), ainda com uma prancha de isopor. Lembro que a prancha não durou muito, pois Márcio acabou partindo ela. Logo depois, meu pai comprou uma prancha de fibra e começamos a pegar onda no Jardim de Alah, Psiu, Pescador e no Corsário. Esses eram os picos que a gente mais surfava.

SB - Como foi o início na competições?

TA - Comecei a competir nos campeonatos locais do Stiep e Boca do Rio. Naquela época, os campeonatos de base eram disputados, existia uma rivalidade, mais de 100 atletas inscritos. Fomos aperfeiçoando, depois corremos o Baiano, outros pelo Nordeste e por aí vai.

SB - Quem eram as suas inspirações?

TA - A inspiração era de surfistas como Tom Curren e Mark Occhilupo, mas tinha também uma forte identificação com os surfistas baianos como Marco Boi, Hiltinho Issa, Olimpinho, Carlão, Maurício Abubakir, Fredão, Dentinho, Marco Morais, entre outros. Foi um pouco de cada desses que me influenciou, seja no estilo, na agressividade das manobras ou na atitude.

SB - Como surgiu o interesse pela arte de shapear?

TA - O interesse pelo shape começou na década de 90, na época morava no Japão e tivemos dificuldade em ter as pranchas por lá.  

SB - Como foi a experiência de morar no Japão?

TA - O período que morei no Japão foi muito bom. Vi de perto a valorização do surfista como profissional, com salário digno, reconhecimento dos patrocinadores e mídia, um respeito pela profissão, bem diferente do que acontece no Brasil e principalmente na Bahia.

SB - Como você avalia o mercado de pranchas na Bahia?

TA - Hoje em dia todo mundo quer ter uma prancha com nome "gringo". A maioria dos backshapers dessas pranchas gringas nem pega onda e muitas vezes nem é do surfe. Os donos dessas marcas não querem que o cara que trabalha para eles saiba o valor de uma prancha. Eles estão interessados apenas em botar a marca e vender. Com isso o shaper local foi desvalorizado, praticamente esquecido. Esse shaper local, para vender bem, tem que mostrar na água que a prancha dele é boa. Acredito que a prancha tem que ter alma, tem que ter uma energia boa para fluir.

SB - Como você analisa o surgimento da máquina de shape?

TA - A máquina facilitou a vida do shaper. Deu agilidade num trabalho de produção em série, com perfeição. Porém tem um outra questão, pois esse processo quebra o valor sentimental que tem a arte. Eu prefiro o trabalho artesanal, trabalhar no sentido de dar uma alma para aquela prancha que produzo. Com um trabalho em grande escala, você acaba se distanciando desse processo. Acredito que é um trabalho de parceria entre shaper e surfista. Vamos conversando, testando e acertando os detalhes para chegar à prancha mágica, esse é o ideal.

SB - Deixe uma mensagem para os internautas.

TA - Gostaria de agradecer ao SurfBahia pela oportunidade e deixar um abraço para minha família e amigos da comunidade do surf baiano.

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