Música pulsante

Confira entrevista exclusiva com Russo Passapusso, baiano que é uma das novas caras do cenário musical brasileiro


O álbum "Paraíso da miragem" é o primeiro disco solo do cantor e compositor baiano Russo Passapusso. Com dez anos de carreira, o integrante dos grupos BaianaSystem, Bemba Trio e do coletivo Ministereo Público é figura conhecida da cena alternativa de Salvador. Representante da nova geração de artistas baianos junto com Lucas Santtana, Orkestra Rumpilezz, Márcia Castro, OQuadro entre outros, Russo apresenta um trabalho diferente do que o público está acostumado com suas performances no BaianaSystem. Produzido por Curumim, Lucas Martins e Zé Nigro, o disco mostra a influência do samba e do soul, aliado ao já característico dub de Russo, mostrando uma agradável versatilidade de seu trabalho. Confira a entrevista:

- Primeiramente gostaria que você explicasse esse nome: Russo Passapusso.

Meu nome é Roosevelt e na minha infância ninguém me chamava assim. Quando vim pra Salvador, os apelidos foram muitos e parou no Russo, daí eu criei o Passapusso ."Tá russo" é uma expressão que sugere dificuldade e o Passapusso ( passa a pulso) passa por cima dessa dificuldade . É também ligado a ideia de pulsação, ritmo, enfim, são diversos significados.

- Como surgiu a ideia de um trabalho solo?

O trabalho solo sempre me acompanhou. Registro a vida que vejo com música, que é a válvula de escape que Deus me deu. Sou grato por ser instrumento e na real não eram músicas pra gravar, e sim pra me mostrar como a vida passa e o que fica de bom. Quando encontrei Curumim, tive vontade de fazer um disco, pois ele me mostrou um caminho de produção que eu realmente me encaixava.

- Como você sentiu a recepção do disco pelo público?

A recepção foi tranquila, não esperava tanta gente falando do disco, isso foi gratificante. Depois do lançamento percebi que a música tem vida própria e que eu tinha que respeitar isso. Um processo de desapego natural, como um filho.

- É possível perceber uma influência do Curumim no disco, principalmente na faixa "Flor de plástico". Como se deu essa parceria?

Sim, minha relação com o Curumim é de muito respeito, temos muita afinidade, as visões musicais se misturam  e em Flor de Plástico caminhamos juntos, mas não só em Flor de Plástico, vejo imagens dele, do Zé e do Lucas em muitos momentos do disco, cada dia que se passa percebo coisas diferentes nas músicas .

- Quais são as suas influências musicais? O que gosta de ouvir?

Ouço de tudo mesmo, procuro ouvir o som da rua, pra saber o que as pessoas ouvem . No meu fone escuto muito soul brasileiro, muito samba, muita música africana,  jamaicana, muito material  que não conheço também. Para entender esse mundo só com musica (risos).

- Como está a divulgação do disco? Tem planos para uma turnê pelo Brasil?

Estamos tocando de acordo com a demanda que chega, não planejamos nada ainda, mas fizemos boas apresentações em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e o último durante o Carnaval em Recife.

- Você disponibilizou o disco de graça em seu site. Como enxerga essa ferramenta da Internet para divulgar o trabalho do artista?

O meio de produção e divulgação mudou totalmente com a internet , a música solta na internet tem efeitos maravilhosos. Hoje não consigo imaginar de outra forma. Meu contato com os produtores foram pela internet, isso aproxima o público, os músicos, e nos dá uma visão mais imediata do nosso trabalho.

- A Bahia sempre teve tradição e uma cultura muito rica na música. Como você vê a nova música popular na Bahia?

A nova música popular da Bahia está aí faz tempo. Muita coisa boa como o Ifá Afro Beat, a Orkestra Rumpilezz, o rap de Daganja, Vandal, Fael Primeiro, o Sound System Ministereo Público, a diva Mariela Santiago, entre outros. Tenho muito orgulho de dizer que temos muito material bom por aqui, acho que os músicos aprenderam a trabalhar com o mercado e o próximo passo é o mercado aprender a trabalhar com esses artistas maravilhosos. O público aqui já aprovou e ouve cada um deles com ouvidos atentos.

- Somos um site de esportes radicais, principalmente o surfe. Você pratica algum esporte ou tem outros interesses além da música?

Muitos interesses claro, mas que sempre se relacionam com música, acredito que ela transborda. Quando alguém ouve Sonic Youth pra andar de skate ou Flying Lotus pra pegar uma onda, mostra a forte relação que os seres humanos tem com o som . Eu sou amante do esporte, já fui atleta de jiu-jitsu e passava o dia inteiro ouvindo Cypress Hill, Wu-Tang Clan, The Meters, Mf Doom, Shawn Lee, 7 Notas 7 Colores, The Roots, Fugees, Outkast, Born Jamericans, Sepultura, Digable Planets, Mv Bill , Yellowman, RZO, Câmbio Negro, BNegão e por aí vai.



 

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