Evento histórico

Jojó de Olivença é umas das estrelas da reedição do Fico Surf Festival


Atletas dos 40 anos em diante estarão reunidos para competir e também confraternizar no evento que resgata a história do campeonato realizado há 30 anos, em Salvador (BA) e foi um dos alicerces da criação do Circuito Brasileiro de Surf Profissional.

Com novo cenário, agora na Praia do Tombo, no Guarujá, a disputa será realizada nos dias 30 de março a 1º de abril, e entre os nomes confirmados estará o bicampeão brasileiro e ex-WCT, Jojó de Olivença, que tem total ligação com a competição. Baiano radicado há mais de duas décadas na cidade que será a nova sede do evento, ele garantiu um de seus títulos nacionais com uma final no Fico Surf Festival de 1988.

Mesmo depois de encerrar a carreira como profissional, Jojó nunca deixou competir, e inclusive, tem em sua galeria de grandes conquistas, a prata no Mundial Master da ISA, em 2011, em El Salvador, ficando à frente de Fábio Gouveia. Animado com o campeonato, ele espera uma combinação entre boas disputas e muita confraternização. “Porque essa galera tem competição no sangue. Tem uns que estão mais fora do ritmo, mas outros muito bem”, ressalta o baiano.

“Ainda mais com premiação em jogo. Passagem para o Peru é um incentivo. Quem não gostaria de ir pegar ondas no Peru? Espero isso, uma brincadeira saudável, com espírito competitivo presente. A expectativa com certeza não é pequena. Vai ser muito bacana poder rever a galera. Esse espírito amistoso vai rolar com certeza, pelo revival de toda a história da década de 80”, destaca Jojó.

Para ele, será empolgante poder competir com nomes como Paulo Matos, Kias de Souza e também espera poder voltar a enfrentar Tinguinha Lima, um de seus grandes rivais em sua trajetória. “Foi um dos caras que mais dividiu pódios e títulos comigo. Em 93 fui vice-campeão e ele campeão, na menor diferença de pontos até hoje, apenas três pontos. Isso porque eu já estava no Circuito Mundial e não corri o Paulista, que contava pontos para o Brasileiro”, recorda.

Sobre o Fico Festival na década de 80, Jojó tem boas recordações e novamente, Tinguinha é citado. “Lembro que fiquei em segundo, com o Tinguinha em primeiro em 88, no ano que fui campeão brasileiro pela primeira vez. Foi um resultado importantíssimo para a consolidação do título”, conta o surfista que também foi quinto colocado na edição de 89.

“A repercussão do Fico em 1987 foi muito positiva principalmente para a Bahia, que foi sede de uma etapa tão importante no Circuito brasileiro e levou todos os grandes surfistas para Salvador. Foi um evento de grande glamour, que ajudou bastante a alavancar o surf no Estado a partir daquele evento”, destaca.

O bicampeão brasileiro também enaltece a figura do empresário Raphael Levy, o Fico, que dá nome a empresa que há mais de 30 anos no mercado de surfwear. “Aí está uma prova de que quem sonha, tem as esperanças vivas, continua com seu projeto, sua empresa e resolveu mostrar para o Brasil, para o mercado, que está resgatando a história. Muito louvável, muito nobre esta iniciativa. Vai ser uma alegria poder vê-lo”, afirma.

“Tenho certeza de que todos vão acolher de forma espetacular. Vai ser um evento muito bacana. Ele tem o verdadeiro espírito lifestyle do surf. Parabéns ao Fico por essa ação. Provou que esse lifestyle continua vivo na sua essência”, elogia Jojó.

ONG – Aos 50 anos de idade, Jocélio de Jesus, nasceu em Ipiaú, na Bahia, aos cinco mudou-se para Olivença, ao sul de Ilhéus, onde aprendeu a surfar e herdou o apelido. O surf começou nas folgas das pescarias quando era criança. Primeiro aprendeu a pegar jacaré, depois com uma prancha de madeira, uma de isopor, até se aventurar na primeira prancha emprestada. Aos 22 anos, decidiu trocar a tranquila cidade baiana pelo Guarujá, onde mora até hoje e desenvolveu seu projeto social.

Além do bicampeonato brasileiro em 88 e 92, Jojó integrou a elite mundial por cinco anos, entre 94 e 98. Entre seus melhores momentos, a final nas Ilhas Reunião contra Sunny Garcia, logo na estreia, campeonato que também tem a ótima recordação de ter vencido Kelly Slater. Naquele ano, foi eleito o Rookie of the Year, o novato do Circuito, e terminou na excelente 11ª colocação.

Também chegou a outra decisão em 97, na França, contra o mesmo Slater. “Foi um ano de bons resultados, com um quinto no Pipe Masters”, comenta, voltando à realidade atual. “Preciso treinar, porque gosto de surfar bem e estou trabalhando bastante, me envolvendo com a ONG”, fala referindo-se ao projeto Projeto Ondas, surf e cidadania, no Guarujá, que comanda há quase duas décadas.

O objetivo é oferecer aos jovens em situação de risco social da cidade, a mesma chance que ele teve com o surf, porém mais do que formar competidores, ele resume que quer ter cidadãos surfando a onda da vida com excelência. “Aproximadamente 500 crianças já passaram pela ONG. Atualmente atendemos 60 jovens nos programas básicos e vamos abrir mais 60 vagas com o curso de tecnologia e 20 no curso de produção e manutenção de pranchas. Continuamos crescendo, ampliando no quantitativo e qualitativo”, determina.

Consciente de seu papel na comunidade e que o esporte é uma importante ferramenta transformadora, Jojó confia no crescimento contínuo de sua iniciativa. “O surf educa, constrói, molda o caráter. Nós conseguimos extrair valores do oceano como respeito, paciência, amizade, cooperação, responsabilidade, amor, fé e tantos outros. É daí que vem nossa inspiração”, argumenta.

“Estamos tendo ótimos resultados na construção de um ser humano melhor. Na verdade, minha expectativa é de ser um diferencial, uma referência parao Guarujá e posteriormente, para o Brasil, e quem sabe até para o Mundo, como forma de utilizar o esporte como ferramenta de apoio à educação e inclusão social”, anuncia. “A nossa missão é poder ajudar as nossas crianças, qualificar nossos jovens, oferecer uma oportunidade para que tenham uma visão de um mundo mais ampla, saibam aproveitar as oportunidades e que a boa informação chegue até eles. Enfim, o projeto Ondas continua de vento em popa, muito promissor”, completa.

PROGRAMAÇÃO - Junto com a categoria Master, o Fico Surf Festival terá disputas na Longboard Legends, também para atletas quarentões em diante, Mirim (Sub16), Iniciante (Sub14), Estreante (Sub12), Petit (Sub10) e Feminina, além da Pais e Filhos. As inscrições devem ser feitas através do e-mail inscricao@fpsurf.com.br, citando o nome de competição, o estado de residência, a data de nascimento, e a cópia anexada do comprovante de pagamento.

A taxa é de R$ 85,00 e parte desse valor será destinado a dois projetos sociais de Guarujá, a ONG CT Lugar ao Sol, e o Lar Espírita Cristão Lar Elizabeth. O pagamento será feito para Banco Itaú, agência 0245, cc 09289-5, em nome de Silvio da Silva, CPF 886.205.148-49. Já no dia do evento será obrigatória a entrega de um quilo de alimento não perecível, para doação ao Fundo Social de Solidariedade de Guarujá.

As disputas, com transmissão ao vivo pela internet, têm início na sexta-feira, 9 horas. “Também no primeiro dia, ao meio-dia, serão homenageados atletas de Guarujá, da Baixada Santista e do surf nacional que se destacaram nesse cenário, além de uma homenagem póstuma a saudosos ícones de nossas praias com uma “roda de surfistas” dentro da água. Junto será realizado o lançamento da candidatura ao selo “World Surfing Reserves” da Praia do Tombo”, diz o gerente de marketing da Fico, Augusto Saldanha.

Além das disputas no mar, o evento contará com várias atividades na areia, como alongamento com a professora Jacqueline Zedan Chehad na sexta e sábado, das 9 às 10h, oficina de slackline ecológico na areia da Praia, com a equipe da Guarujá Radical, no primeiro dia; e no sábado, aulão de muay Thai, com mestre Tatto Barros, da equipe Chute Boxe São Paulo, das 9 às 10h, oficinal de futevôlei, com a equipe de Guarujá, a partir das 13h. “Também o escultor e artista plástico Jair Damasceno estará na praia demonstrando o seu trabalho com esculturas de areia”, fala Augusto

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