Tomas é vice

Kanoa Igarashi vence Tomas Hermes na final do QS 10000 em Huntington Beach


Os norte-americanos Kanoa Igarashi e Sage Erickson festejaram os títulos do Vans US Open of Surfing com a torcida que lotou a praia no domingo em Huntington Beach, na Califórnia. Kanoa impediu outra vitória brasileira com a maior nota do campeonato na primeira onda que surfou na final com o catarinense Tomas Hermes, depois de passar por Filipe Toledo nas semifinais. A última vitória dos Estados Unidos tinha sido em 2011 com Kelly Slater e os brasileiros ganharam três vezes nesse período, Alejo Muniz em 2013 e Filipe Toledo em 2014 e 2016. Com os pontos da etapa norte-americana do QS 10000, Kanoa Igarashi e Tomas Hermes subiram para a terceira e quarta posições no ranking do WSL Qualifying Series, respectivamente.

“Estou muito feliz em estar aqui no pódio com essa multidão incrível que lotou a praia hoje (domingo), junto com a minha família me apoiando todos os dias e a Vans, que faz o evento e me patrocina”, disse Tomas Hermes. “O ano passado foi realmente difícil para mim, por causa de uma contusão no tornozelo, mas já estou bem e muito feliz pelo resultado aqui. Eu não tenho brigado por vaga no CT nos dois últimos anos, mas agora estou melhor do que nunca. Eu estou pronto para competir, pronto para a vida e pronto para tudo”.

Nas cinco últimas edições do campeonato mais tradicional dos Estados Unidos, desde a vitória de Kelly Slater em 2011, o paulista Miguel Pupo foi vice-campeão contra o australiano Julian Wilson em 2012 e Tomas foi o terceiro catarinense a decidir o título em Huntington Beach. O primeiro foi Alejo Muniz, campeão em 2013 batendo o californiano Kolohe Andino para frustração da torcida. Em 2014, a final foi verde-amarela e o paulista Filipe Toledo, que mora na Califórnia, conquistou sua primeira vitória contra Willian Cardoso. Agora, Tomas Hermes repetiu esse vice-campeonato na final contra Kanoa Igarashi no domingo de ondas pequenas e séries demoradas em Huntington Beach.

DECISÃO DO TÍTULO – O norte-americano teve muita sorte em começar bem a bateria, pegando uma onda que abriu a parede para mandar uma série de três manobras potentes de backside no outside, passar a conexão e acertar mais uma explosiva na junção do inside. Para os juízes, foi a melhor apresentação de toda a semana e Kanoa largou na frente com a maior nota do US Open esse ano, 9,63. Logo pega outra onda para tirar 5,60 e deixar o brasileiro em “combination”, precisando de duas notas para ultrapassar seus 15,23 pontos.

Não entrou mais nenhuma onda como aquela primeira do californiano e Tomas Hermes ficou tentando diminuir a vantagem nas que pegava nos longos intervalos entre as séries. Só que Kanoa Igarashi ainda acha outra boa onda para fechar com nota 7,60 a vitória por 17,23 a 11,10 pontos. Ele já vinha buscando o título em Huntington Beach, mas parava nas semifinais. No ano passado, perdeu para Filipe Toledo e em 2015 para o também campeão Hiroto Ohhara, do Japão. Agora, Kanoa leva o prêmio especial de 100.000 dólares do Vans US Open, o mesmo oferecido nas etapas do CT, com Tomas Hermes ganhando 20.000 pelo vice-campeonato.

“Perder duas vezes seguidas nas semifinais me machucaram bastante, mas finalmente chegou a minha vez e eu estava sentindo que esse seria o meu ano”, disse Kanoa Igarashi. “Este lugar é muito especial para mim, foi onde aprendi a surfar e é muito bom estar aqui com minha família e amigos. Este campeonato significa muito na minha vida. Foi o primeiro que fiquei sentado na praia assistindo caras como Kalani Robb e tantos outros. Eu só queria estar perto deles e ganhar agora o US Open com essa multidão aqui, é certamente um dia que jamais vou esquecer”.

Mesmo com as condições difíceis para competir no último dia, os brasileiros passaram pelos seus primeiros desafios. Filipe Toledo despachou o australiano Josh Kerr por 13,43 a 12,10 pontos e Tomas Hermes derrotou o norte-americano Patrick Gudauskas por uma pequena vantagem de 12,47 a 12,40 pontos. O catarinense de Barra Velha seguiu para enfrentar o costa-ricense Carlos Muñoz, que barrou o novo vice-líder do ranking do QS, Michael February, da África do Sul. Já o adversário de Filipe seria o mesmo da semifinal do ano passado, Kanoa Igarashi, que já tinha passado pelo neozelandês Ricardo Christie no primeiro duelo do dia.

FILIPE X KANOA – Essa bateria atraiu toda a atenção da enorme torcida que lotou a praia no domingo. Os dois começaram distantes no mar. Kanoa se posicionou no lado esquerdo e Filipe para pegar as direitas mais próximo do píer. A primeira série demorou para chegar e quando entrou os dois já estavam pertos para disputar a onda. O americano remou pra esquerda e o brasileiro para a direita, exatamente como tinha acontecido na bateria da terceira fase do Oi Rio Pro em Saquarema.

E, assim como na etapa brasileira da World Surf League, os juízes penalizaram Filipe Toledo com a marcação de uma interferência, ou seja, cortando metade dos pontos da sua segunda nota computada. Em Saquarema, Filipe protestou e foi punido com uma suspensão da etapa seguinte nas Ilhas Fiji, retornando com força total com a vitória inédita do Brasil em Jeffreys Bay. Na África do Sul, ele já tinha vingado a derrota no Oi Rio Pro, eliminando Kanoa Igarashi com a primeira nota 10 do evento em sua arrancada para o título do Corona Open J-Bay.

SEMIFINAIS – Na Califórnia, Filipe chegou invicto nas semifinais, sem perder nenhuma bateria desde o bicampeonato no US Open em 2016, passando pelo próprio Kanoa na semifinal. O brasileiro já tinha despachado o jovem americano quando ganhou seu primeiro título em 2014, na rodada classificatória para as oitavas de final. Depois da marcação da interferência, Filipe ainda surfou as melhores ondas da bateria, tirando três notas acima da maior de Kanoa, que foi 6,83. As do brasileiro valeram 6,93, 7,17 e 8,33 e ele quase vence de novo, mesmo com o 7,17 sendo cortado pela metade. O placar ficou em 12,26 a 11,92 pontos.

Na outra semifinal, o mar já estava quase sem ondas e o costa-ricense Carlos Muñoz só conseguiu pegar as duas que são computadas no resultado. Ele até venceria a bateria com as notas 4,63 e 6,07 que recebeu, se Tomas Hermes não fizesse sua melhor apresentação na última onda que surfou e ganhou nota 6,67 dos juízes para selar a vitória por 11,84 a 10,70 pontos. O catarinense saltou da 34.a para a quarta posição no WSL Qualifying Series com os 8.000 pontos recebidos pelo vice-campeonato em sua apenas quarta etapa na temporada, faltando uma ainda para completar os cinco resultados computados no ranking.

MUDANÇAS NO G-10 – O QS 10000 Vans US Open provocou quatro mudanças de nomes entre os dez indicados pelo WSL Qualifying Series para completar a elite dos top-34 que disputa o título mundial no World Surf League Championship Tour.  O campeão Kanoa Igarashi está fora do grupo dos 22 primeiros no ranking principal que são mantidos para o ano que vem, mas agora vai garantindo sua permanência com o terceiro lugar no QS. Tomas Hermes é o novo quarto colocado e mais dois entraram no G-10 em Huntington Beach, o neozelandês Ricardo Christie em nono lugar e o norte-americano Patrick Gudauskas em décimo.

Os quatro acabaram tirando da zona de classificação para o CT 2018 o havaiano Keanu Asing, os australianos Cooper Chapman e Mikey Wright e o brasileiro Alex Ribeiro, todos barrados na segunda fase do Vans US Open. Com a entrada de Tomas Hermes, o Brasil permanece com quatro surfistas na lista dos dez que sobem pelo QS e mais dois são de Santa Catarina, Willian Cardoso e Yago Dora, que caíram da segunda e terceira posições para a sexta e sétima, respectivamente. A exceção é o paulista Jessé Mendes, que lidera o ranking e já está garantido como primeira novidade na “seleção brasileira” do ano que vem.

CT FEMININO – No domingo, também foi encerrada a sexta etapa do World Surf League Women´s Championship Tour em Huntington Beach, com a norte-americana Sage Erickson conquistando sua primeira vitória na divisão de elite do Circuito Mundial. Ela primeiro vingou na semifinal, a derrota sofrida para Courtney Conlogue na decisão do QS 6000 de Oceanside no domingo passado. Depois, impediu o bicampeonato de Tatiana Weston-Webb, derrotando a havaiana por 11,84 a 9,80 pontos em sua primeira final em etapas do CT.

“Nem posso acreditar que estou aqui. Não fui campeã mundial, apenas do US Open, mas para mim está até parecendo, então só quero comemorar”, disse Sage Erickson. “Não posso me sentir mais orgulhosa de conseguir minha primeira vitória nesse lugar. É quase surreal ter sido aqui em Huntington, onde você pode sentir toda a energia e apoio das pessoas na praia. Eu trabalhei bastante para viver um momento como esse e algo me dizia que alguma coisa especial iria acontecer para mim nesse evento. Estou realmente muito feliz”.

Com a vitória, Sage Erickson subiu da nona para a sexta posição no ranking e a corrida pelo título mundial continua sendo liderada pelas australianas Tyler Wright e Sally Fitzgibbons, com Courtney Conlogue em terceiro lugar. Courtney tiraria a lycra amarela do Jeep WSL Leader de Tyler Wright se vencesse o US Open, mas a campeã foi Sage Erickson. A havaiana Tatiana Weston-Webb também melhorou sua posição no ranking, subindo do décimo para o oitavo lugar.

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