De olho em Margaret

Nosso colunista Lalo Giudice analisa o time brasileiro na terceira etapa do Circuito Mundial em Margaret River


Adriano de Souza já venceu em Margaret em 2015. Foto: WSL


Aberta a janela de espera para a 3º etapa do Circuito Mundial de Surf da WSL, o Drug Aware Pro, que acontece nas selvagens e oceânicas ondas de Margaret River, no oeste australiano. O palco principal para as disputas dos melhores surfistas do mundo é o Main Break, podendo ser transferido, a depender da direção e força do swell, para o slab de The Box ou as tubulares ondas de North Point, como aconteceu nos dois últimos anos.

Atenção especial, é claro, para o time brasileiro, que mais uma vez se apresenta em maioria. Nesta etapa serão 13 atletas, pois o paulista Miguel Pupo irá substituir o 11 vezes campeão do mundo, Kelly Slater. No Feminino, teremos a nossa guerreira Silvana Lima.

Indo para a sua quarta edição em eventos válidos pelo Championchip Tour - antes era válido apenas pelo QS -, somente o brasileiro Adriano de Souza conseguiu levantar a taça do Drug Aware Pro (Neco Padaratz venceu em 2004, mas era QS), batendo o havaiano John John Florence na grande final, em 2015.

Em Margaret, De Souza precisa de um grande resultado, já que não passou do round 4 ainda na perna australiana. Um mal resultado pode dificultar seu caminho rumo ao bicampeonato mundial. Diante disso, nosso “capita” tem que surfar além da conta nesta arena, que faz muito bem a seu surf, vide retrospecto nos anos anteriores, inclusive em 2015, quando sagrou-se campeão mundial.

Nosso campeão mundial de 2014, Gabriel Medina, que já relatou algumas vezes que não gosta de surfar nas geladas e selvagens ondas de Margaret devido à distância do pico e aparecimento constante de tubarão, inclusive em etapas do Circuito Mundial, precisa de um belo resultado para a corrida do título mundial. Se conseguir quebrar alguns paradigmas, como fez agora em Bells, vai para as cabeças do ranking, e para tirá-lo, será muito difícil.

Italo Ferreira chega a Margaret mais maduro e como um dos líderes do ranking. Foto: WSL / Sloane.


Já Italo Ferreira, que venceu de forma histórica a etapa de Bells Beach e lidera o ranking mundial junto com o australiano Julian Wilson, começa a aparecer na lista de apostadores como um provável vencedor também no oeste australiano, inclusive já caindo como um dos cabeças de chave dessa etapa. Seu surf realmente parece mais maduro. Vamos ver como se comportará com a famosa camisa amarela.

O ubatubense Filipe Toledo, que ainda não teve um excelente resultado no ano, mas mostra que está surfando muito, também tem tudo para chegar nas cabeças em Margaret. Ficou em terceiro ano passado, em um mar que chegou aos 15 pés de face, mostrando muita atitude nas poderosas direitas do Main Break. Se fizer um bom resultado nesta etapa, Filipinho será um grande candidato ao título mundial, visto que a troca de Fiji por Keramas deve fazer muito bem a ele.

Os rookies Tomas Hermes, Willian Cardoso, Michael Rodrigues, Yago Dora e Jessé Mendes, principalmente esses dois últimos, que deverão surfar de costas para as ondas, terão um pouco mais de dificuldade devido ao estilo da onda de Margaret.

O forte terral, o volume da onda e a troca para outros picos, caso ocorra, tanto para The Box, quanto para o North Point, pode dificultar ainda mais a vida desses goofy footers. O último a ganhar o evento surfando com essa base foi o casca-grossa americano Damien Hobgood, em 2011, ainda válido pelo QS.

Ian Gouveia tem porte físico, gosta de ondas pesadas, tubulares e difíceis. Foto: WSL / Sloane.


Caio Ibelli, que ainda não passou nenhuma bateria este ano, mas já fez quartas de final em Margaret, inclusive batendo John John e o wildcard Miguel Pupo, que luta pra voltar ao Tour e herdou a vaga do mito Kelly Slater, são mais dois brasileiros que irão desafiar as poderosas ondas do oeste australiano.

Deixei por último, nesta coluna, o pernambucano Ian Gouveia, que faz seu segundo ano na elite do surf, mas que ainda não se encontrou. Desbancou o campeão mundial de 2014, Gabriel Medina, com o evento rolando em North Point ano passado, fazendo tubos com maestria.

A hora de se encontrar no Circuito pode ser agora. Ian tem porte físico, gosta de ondas pesadas, tubulares e difíceis. Seus melhores resultados ano passado foram em Pipe, com um terceiro lugar, e em Fiji, um nono.

Vamos torcer para que este “arretado” pernambucano tire a “zica” e solte seu surf na etapa mais selvagem do Circuito Mundial e que nosso pelotão verde e amarelo desbrave com astúcia as ondas deste indócil oeste australiano.

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