Em busca de um sonho
Fabrício Fernandes destaca a trajetória de Bino Lopes
Bino Lopes em um campeonato histórico na Cacimba do Padre, em 2010. Foto: Clemente Coutinho. |
Logo depois que Mandinho saiu do WCT, vi que um garoto da Bahia começava a ensaiar seus passos no WQS, tendo alguns resultados expressivos como o 13º no então Prime em Fernando de Noronha.
Comecei a ficar de olho nesse garoto e a primeira vez que vi sua performance ao vivo foi em uma etapa do Nordestino em Stella Maris, Salvador, em um mar mexido e pequeno.
Bernardo Lopes era seu nome, ou simplesmente Bino, e ele ganhou essa etapa com um nível bem superior a todos!
Logo me veio aquela opinião de colunista crítico na cabeça: "Quero ver em ondas de verdade!".
E a resposta de Bino veio em um dos maiores mares da Cacimba do Padre, Fernando de Noronha, de todos os tempos. Ondas massivas de mais de 12 pés, rodando pesado no beachbreak, fazendo muito garotão devolver o dinheiro da competição, ou se esconder na praia, como me contou um amigo juiz. Na grande quarta-feira, como ficou chamada, a etapa chegou a ser adiada pelo tamanho das ondas. O que Bino fez? Não só dropou as maiores como faturou a etapa, que contou com nomes como ninguém menos que Bruno “Mr.Tube” Santos!
Em mares de responsa, também com 12 pés plus, nos QS primes de Sunset e Haleiwa, teve performances espetaculares em algumas baterias, sendo destaque nas mídias havaianas.
Depois disso, o garoto local de Villas do Atlântico continuou sua saga mundo afora, chegando ao seu auge no ano de 2015 com a vitória no QS de Anglet, na França, e uma etapa do SuperSurf na Joaquina (SC), se tornando campeão brasileiro e terminando o QS em 38º do mundo!
Em 2016 Bino, depois de ter chegado tão perto da sonhada vaga do CT, veio ainda mais renovado. Fazendo um trabalho forte com o preparador físico Ricardo Lobão, o fisioterapeuta Fabio Arcanjo e o treinador Adson Maurício, ele tem se dedicado com total afinco aos treinos.
Resultados expressivos apareceram em um ano espetacular, como o terceiro em Cascais, quinto no disputadíssimo US Open, nono no Ballito Pro e a incrível vitória em casa, na Praia do Forte, em cima do seu amigo e parceiro Marco Fernandez, depois de uma incrível virada em cima de Jessé Mendes na semifinal, onde, nos últimos segundos, sem a prioridade, pegou uma onda e mandou um aéreo rodando, fazendo a torcida explodir na areia.
Conheci Bino na etapa do CT no Rio, onde ele foi um dos wildcards. E a impressão que tive foi das melhores. Veio acompanhado de seus pais, irmã e seu treinador Adson. Se mostrou um cara muito família, educado e dedicado, o perfil do verdadeiro atleta.
Hoje Bino Lopes figura em 8º colocado no QS e, para não depender de ninguém, basta passar uma ou duas baterias em Sunset.
Não sei, mas tenho a impressão de que teremos novamente um baiano no CT. #GoBino!