Análise da elite

Fabricio Fernandes comenta sobre o atual momento dos atletas brasileiros na elite mundial


Para quem já assistiu Rocky III, Gabriel Medina está parecendo o boxeador famoso do filme, mais voltado para o glamour e a fama no Circuito. Perdendo para ele mesmo, pois surfe tem de sobra, mas corre o risco de precisar disputar o QS para se reclassificar. Tem que repensar sua carreira para 2016 e aqui não cabe nenhuma crítica para diminuir o atleta, mesmo porque, se ele não fizer mais nada, já fez até demais, conquistando o que ninguém conseguiu em toda história do surf brasileiro, um campeão mundial.

Adriano de Souza começa sempre focado, com excelentes resultados e depois perde o ritmo. Surfa bem qualquer onda, mas precisa manter a constância para que o título esteja ao seu alcance. Talvez se tentar cobrar menos e se divertir mais, encontre a fórmula do sucesso.

Miguel Pupo e Alejo Muniz (wildcard) parecem que não aprenderam a competir. Surfam forte, entubam bem, tem até um resultado ou outro, mas não passam disso. Alejo deu show na bateria contra Kelly em Pipe ano passado com um tubo para Backdoor, onde tirou um 9, mas foi só.

Filipe Toledo ainda precisa comer muito feijão. Mostrou um surf totalmente fora do tempo em Fiji e pouco faro para os tubos. Se pegar o estigma de melhor surfista de merrecas pode pagar um preço alto. Seus aéreos são armas fantásticas, mas ninguém ganha título com uma única manobra. Tem apenas 20 anos, ainda tem aprender muito. Deveria treinar intensivamente em ondas power, tubulares e um trabalho forte de musculação.

Wiggoly Dantas vem tendo resultados sólidos, linha perfeita, surfa Jaws na remada, é respeitado no Hawaii, bota para baixo em Pipe, mas em muitas baterias, como nas quartas de final em Fiji, perdeu no detalhe e na escolha de ondas.

E o que falar de Italo? Podem dizer que ganhou de Kelly Slater duas vezes em momentos sem onda, mas ganhou. Em Fiji só perdeu nas quartas de final porque Julian Wilson achou uma bomba 9.43. Fez duas notas em torno de 8.5 e ficou precisando de menos de meio ponto para virar. Quando ganhar mais potência nas manobras e acertar a linha vai incomodar muito. Forte candidato para melhor novato na elite.

Jadson André, o Lampião, pura raça, coração. Não importa o tamanho do lip, vai dar na cara, não importa o tamanho do tubo, vai botar para dentro. Duvida que ele saia? Veja o que fez em Pipe ano passado em um dia storm e gigante tirando 9.37. Seu maior defeito é bater muito a prancha com uma linha estranha para o tipo de onda. Seu surf radical lembra muito o tri campeão brasileiro e ex top Peterson Rosa.

Temos que abrir o olho, estamos no topo, mas Julian Wilson, Owen Wright e Mick Fanning mostram sede de título. Mick é o cirurgião das ondas, exímio competidor, surfa bem qualquer tipo de onda, super focado. Sua falha são os aéreos, o que conta muito em mar pequeno.

Julian ganhou o Pipemaster com mais uma virada em cima de Medina, surfou a vontade em Fiji com um estilo perfeito. Seus tubos de backside sem as mãos numa bomba nas quartas mostrou que ele veio para ficar. Ainda conta com a sorte, porque parece que as ondas lhe procuram.

Owen é uma mistura de Pottz e Occy. Power puro e faro para os tubos. Dez em Teahupoo gigante e vacas sinistras na etapa que Medina ganhou de Kelly. Dez em The Box de backside em um mar pesado. Quebrou duas pranchas dando na cara da onda no Mainbreak com 12 pés. Em Fiji não teve adversários, com quatro notas 10, sendo duas na final e dispensando 9.6.

Kelly Slater parece perdido, não sabe mais o que faz no Circuito, mas é viciado nisso. Se achar motivação para surfar ondas ruins, relaxar mais e contar com um pouco mais de sorte, pode sim chegar ao 12º título aos 44 anos. Acho que ele deveria colar em Shane Dorian e dar show nas ondas gigantes.

John John, é o melhor surfista do mundo. Completo, surfa ondas de 30 pés como se fossem marolas. Se você assistir um vídeo dele surfando tubos casca grossa vai acreditar que também pode, porque parece fácil. Surf polido, linha perfeita, harmonia com os tubos e aéreos impossíveis. Talvez seu único defeito seja não saber competir. Se tivesse 10% da garra de Mineiro ou Jadson, bateria os recordes de Kelly.

Jeffreys Bay vem aí e Mineiro, Kelly, Julian e John John são minhas apostas, e as suas?

PUBLICIDADE

Relacionadas

Alexandre Piza comenta postura da sociedade em relação às orientações do isolamento social nas praias de Salvador

Luciano Nunes relembra histórias do passado ao lembrar de surfistas das antigas de Salvador

Nosso colunista Lalo Giudice exalta a vitória de Italo Ferreira no Pipe Masters e a sua conquista do mundial

Nosso colunista Lalo Giudice analisa as chances dos candidatos ao título na última etapa do Circuito Mundial em Pipeline

Nosso colunista Lalo Giudice comenta a vitória de Italo Ferreira e a polêmica envolvendo Gabriel Medina e Caio Ibelli em Peniche

Nosso colunista Lalo Giudice comenta a vitória de Jeremy Flores na França e a ponta do ranking de Gabriel Medina

Nosso colunista Lalo Giudice analisa a vitória esmagadora de Gabriel Medina no Surf Ranch

Nosso colunista Lalo Giudice analisa a expectativa para a etapa nas ondas da piscina no Surf Ranch